"A despartidarização do Estado e da economia exige reconhecer que o modelo de governação sem autarquias faliu em todos os Municípios do país. O estado actual de emergência nacional exige que as autarquias sejam implementadas já e em todos os municípios".

O partido fundado por Jonas Savimbi, morto em combate em 2002, aproveita o momento histórico que vive para concentrar as suas energias na defesa da implementação das autarquias locais no todo nacional, marcando a sua posição face ao que o Executivo, apoiado pelo MPLA, tem vindo a defender, que aponta para o gradualismo, optando por criar autarquias em algumas regiões e depois fazer o modelo evoluir para o restante território nacional.

Isso mesmo foi dito aquando do agendamento para Março do Conselho da República que deverá ser auscultado sobre o processo da criação do poder autárquico democrático no país, tendo o Presidente João Lourenço apontado 2022 como ano de referência para o efeito, embora a oposição não veja razões para que isso não possa ser feito até 2020.

A UNITA, num comunicado publicado no seu site oficial, emanado do Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política, recorda que as autarquias locais "são parte da estrutura organizacional democrática do Estado, ao nível local, e que o Estado já se afirma `democrático" desde 1992", e defende que não pode, por isso, "existir nenhuma parcela do território do Estado unitário, e dos residentes nele, que não pertençam a uma autarquia".

Num extenso texto, onde o partido do "Galo Negro" percorre a sua história e feitos, sublinha que está apostado nas autarquias como esteve sempre apostado, desde a sua fundação, na promoção "das principais mudanças históricas que Angola conheceu", desde a luta pela independência à "neutralização do imperialismo russo-cubano e o seu ideal marxista na África Austral".

O partido liderado por Isaías Samakuva reafirma a importância do seu papel no "derrube dos alicerces do Estado monolítico de Angola", que exerceu "o poder constituinte e co-fundamos a República de Angola, em 1992, com a consagração constitucional do seu Estado Democrático de Direito, das Forças Armadas Angolanas e da liberdade económica para os angolanos, que, no entanto, foi mal utilizada por alguns".

Depois de se desdobrar pela memória do que foram os grandes momentos do partido ao longo da sua história e da história de Angola, o texto da UNITA aproveita a celebração do 52º aniversário para voltar a afirmar que "os ideais de Muangai continuam actuais, defendendo, como ontem, a democracia multipartidária contra a continuação do partido-Estado, a economia de mercado contra a economia planificada, a independência nacional contra os interesses estrangeiros nas suas variadas formas e a defesa dos valores africanos contra a alienação cultural dos angolanos, sob a capa de um internacionalismo claramente neocolonial".

"Neste 52º aniversário da sua fundação, a UNITA exorta a todos os angolanos a ter confiança no seu programa para um Governo inclusivo e participativo, que sirva os interesses de todos e trabalhe para erradicar a pobreza, reduzir as desigualdades sociais e regionais e garantir o bem-estar para todos os angolanos", diz ainda o comunicado.

"Quaisquer que forem os obstáculos, presentes e futuros, continuaremos aqui, de cabeça erguida, a defender Angola e os angolanos, à luz dos ensinamentos do saudoso Presidente Jonas Malheiro Savimbi", conclui.