"Existem sinais desencontrados a esse respeito que podem ser entendidos como indicadores de intenção, mas não existe nada formal, por enquanto", disse ao Novo Jornal Online Alcides Sakala, quando questionado sobre o aniversário da morte de Jonas Savimbi a assinalar-se no dia 22 de Fevereiro de 2002.

A direcção da UNITA continua empenhada em realizar um funeral condigno do presidente fundador, Jonas Savimbi, já que alguns passos foram dados, ainda no consulado do Presidente José Eduardo dos Santos.

"Espera-se que na conjuntura actual sejam restabelecidos os contactos com quem de direito para se retomar esse processo. É desejo da família e da direcção da UNITA que esse processo conheça o seu fim tão cedo quanto possível", acrescentou.

Interrogado sobre qual é o receio do Governo autorizar o funeral de Jonas Savimbi, Saka respondeu que "tudo é uma questão de tempo e, mais cedo ou mais tarde, os dirigentes e quadros da UNITA, assassinados em Luanda e noutras partes do país, terão funerais condignos".

"Em África, um óbito só termina quando os familiares enterraram os seus entes-queridos. Um princípio sagrado, de culto e respeito pelos mortos, consagrado culturalmente ao longo de séculos de vivência e convivência entre povos africanos", recordou Alcides Sakala.

Para o porta-voz do "Galo Negro", o partido mantém a esperança, assim como as expectativas de solução, tão cedo quanto possível, de todas essas questões ainda não resolvidas.

"O conflito entre angolanos terminou há mais de uma década, o que exige, de facto, um desfecho definitivo de todo este processo para tranquilizar a vida das famílias enlutadas que continuam a exigir os restos mortais dos seus entes queridos", observou.

Com as celebrações do dia 22 de Fevereiro, sob o lema "Dr. Savimbi uma vida por Angola e pelos angolanos", a direcção da UNITA leva a cabo um ciclo de conferências sobre a vida do fundador que terão lugar em todo o país.

Este ciclo de conferências, segundo Alcides Sakala, termina no dia 13 de Março, e, nesse dia, a UNITA completa 52 anos de existência.

Segundo informações que chegaram a circular, as autoridades angolanas comprometeram-se a entregar, no ano de 2016, os restos mortais de Jonas Savimbi, do seu sobrinho Salupeto Pena, e do antigo Vice-Presidente da UNITA, Jeremias Chitunda, mortos nos confrontos pós-eleitorais, em 1992.

Segundo relatos não oficias, Jonas Savimbi foi inicialmente enterrado no cemitério municipal do Luena, a 24 de Fevereiro, numa cerimónia distanciada dos procedimentos tradicionais pretendidos pela família.

Face à carga de chuva que teve lugar no dia depois do seu enterro, na capital do Moxico, os seus restos mortais fora secretamente desenterrados e transportados para Luanda.

Jonas Savimbi, segundo dados oficiais, morreu em combate no dia 22 de Fevereiro de 2002, na região do Lucusse, e o seu corpo foi formalmente sepultado na cidade do Luena, capital da província do Moxico.

A vontade da família é que o fundador da UNITA seja sepultado na sua terra natal, na província do Bié.