O porta-voz do partido do "Galo Negro", Alcides Sakala, disse hoje ao NJOnline que as populações da região leste do país vivem em extrema pobreza e miséria, não obstante beneficiarem 15 por cento das receitas de diamantes ali produzidos, explicando que esse foi um dos temas que o presidente do partido, Isaías Samakuva, levou para o encontro que realizou ontem com o Presidente da República, na Cidade Alta.

"O périplo que o presidente Isaías Samakuva efectuou às províncias do Moxico, Lunda Norte e Lunda Sul e Kuando Kubango, deu para ver as dificuldades porque passam grande maioria dos cidadãos do leste do País", sublinhou Alcides Sakala.

Os habitantes destas províncias, acrescentou Sakala, que estão enquadrados no grupo das regiões menos desenvolvidas de Angola, "vivem imensas dificuldades como falta de habitações condignas, saneamento básico, água potável e electricidade, hospitais sem medicamentos...".

De acordo com Sakala, passados 17 anos de paz, o conflito armado não pode continuar a ser apontado como causa principal para o elevado índice de pobreza que caracteriza as populações do leste de Angola.

"A pobreza está misturada com a miséria, nestas províncias produtoras de diamantes", lamentou, salientando que foi essa "triste realidade" que o líder da UNITA transmitiu ontem, ao Presidente da República, João Lourenço.

De acordo com o deputado, a realização de eleições autárquicas em todos os municípios do País poderia ajudar a corrigir as assimetrias regionais que existem em Angola e são especialmente salientes nas províncias do leste, onde, coincidentemente, ocorre a exploração diamantífera.

O líder da UNITA, Isaías Samakuva, foi recebido ontem em audiência pelo Presidente da República, João Lourenço, para lhe transmitir as conclusões do périplo que efectuou no leste de Angola e ainda sobre a exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi, cuja transladação para a sua terá natal, no Andulo, Bié, deveria ter ocorrido no início deste mês mas foi protelada por, entre outras razões, o atraso na chegada dos resultados laboratoriais ao ADN das ossadas retiradas do cemitério do Luena, no Moxico, onde o fundador do "Galo Negro" foi abatido em combate a 22 de Fevereiro de 2002.

Relativamente à situação no leste de Angola, Isaías Samakuva, disse aos jornalistas que as autoridades tradicionais lhe pediram para transmitir ao Presidente da República as preocupações e problemas que a população enfrenta.

Lamentou que os produtos da cesta básica subiram significativamente no leste de Angola, argumentando que um saco de fuba de milho, alimento essencial nesta geografia, que custava três mil Kwanzas já subiu para 10 mil Kwanzas.

Quando aos restos mortais de Jonas Savimbi, disse que estão a espera dos resultados de DNA que estão ser feitos nos laboratórios de Angola, Portugal e África do Sul.

Segundo o líder da UNITA, assim que os resultados chegarem será anunciada a data para as exéquias fúnebres.

Este encontro, em forma de audiência do PR ao líder da oposição, durou cerca de uma hora, e, segundo as declarações do líder da UNITA aos jornalistas logo a seguir, este reafirmou o seu apoio ao combate à corrupção, que é uma das bandeiras da governação de João Lourenço.

Samakuva disse que não deixou recomendações ao Presidente da República, porque o processo de combate à corrupção é "esperado há muito tempo" e disse que sempre defendeu a necessidade de "lutar firmemente contra a corrupção" e que está a "seguir de perto" o que nesse capítulo está a acontecer no país.