Uma das ideias que os sectores ligados ao governo provincial e ao MPLA procuraram, nas horas a seguir ao protesto de centenas de jovens, que exigiram a saído do poder de "Kwata Kanawa", quando decorriam as cerimónias oficiais de celebração do Dia da Paz, foi que por detrás dos manifestantes estavam forças políticas e organizações sociais de natureza contestatária.

Como principal força da oposição, a UNITA é um dos visados por estes rumores mas, em declarações ao Novo Jornal Online, Mardanês Calunga refuta tal possibilidade mas, ao mesmo tempo, alerta para a urgência de o poder político se focar nas necessidades da população de Malanje e no que os levou a este protesto.

"A população nesta província enfrenta dificuldades sérias de natureza diversa e os jovens que se manifestaram aproveitaram a presença do vice-Presidente da República para mostrar o seu descontentamento. A manifestação não tinha nenhuma influência de ordem política", disse ao Novo Jornal Online o secretário provincial da UNITA.

Mardanês Calunga sintetiza o que se passou dizendo que "os habitantes locais demostram um sentimento de revolta".

"A proibição dos moto-taxistas circularem no casco urbano é um dos principais motivos da manifestação. Eles têm esta actividade como seu ganha-pão. No entanto, é preciso diálogo para se encontrar uma solução", opinou, tendo em conta que a razão para esta proibição, segundo o governo local, é a elevada taxa de sinistralidade a envolver esta actividade.

Reagindo à manifestação, o director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa (GCII) do Governo de Malanje, Custódio Fernando, lamentou a atitude dos jovens, "não pela manifestação em si, mas pelo facto de os implicados atentarem contra entidades governamentais, viaturas protocolares e bens públicos".

"Nesta altura estão detidos seis jovens directamente implicados, não por se manifestarem, mas por atentarem contra o património público e privado", esclareceu.

O comandante provincial da Polícia Nacional, comissário António José Bernardo, associou-se ao director Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa afirmando que "a corporação não vai permitir actos que atentam contra o património público e governantes".

"As forças da ordem intervieram prontamente, impedindo os efeitos negativos da manifestação", acrescentou o comissário António José Bernardo, salientando que os detidos já foram encaminhados à Procuradoria Provincial para efeitos de julgamento sumário.

Recorde-se que o vice-Presidente veio de seguida defender a ideia de que a manifestação e o que sucedeu durante o protesto "não é um reflexo do sentimento do povo de Malanje".

Aproveitando a presença do Vice-presidente da República em Malanje, para orientar o acto central do 16º aniversário da Paz e Reconciliação Nacional, assinalado na quarta-feira, vários populares apedrejaram viaturas e exigiam a exoneração do governador Norberto do Santos, a quem acusam de prática de nepotismo, peculato e incompetência.

De acordo com Bornito de Sousa, informações preliminares e não definitivas ligam a manifestação a um grupo de moto-taxistas, vulgarmente chamados "kupapatas", descontentes com medidas do governador tendentes a reduzir o número de acidentes, que alegadamente provocavam várias mortes diariamente.