Desde a sua inauguração, em 2015, o CEARTE formou apenas 69 alunos. A falta de professores, diz o director-Geral da instituição, Eusébio Pinto, é o principal condicionante da única escola vocacionada para as artes existente no país.

Implantada numa área de 4 hectares, a infra-estrutura está localizada na zona do Talatona, nas proximidades do condomínio "Jardim de Rosas", e possui os cursos de artes visuais e plásticas, dança, música, de teatro e cinema. O estabelecimento de ensino tem ainda um espaço de internato para 106 alunos, que, por razões financeiras, não está a funcionar.

Eusébio Pinto é director da instituição desde 2017 e queixa-se da falta de professores e de material específico.

"Desde o início da instituição, nós temos vindo a debater-nos com a falta de professores e de material, mas já recebemos a garantia do Ministério da Educação, num trabalho conjunto com o Ministério da Cultura, que no próximo ano, por via de concurso público, vão ser contratados professores para a nossa instituição", disse o director.

Eusébio Pinto salientou que a grande carência de professores no CEARTE se agudizou depois quadros cubanos, que leccionavam na instituição, deixaram de prestar serviços à instituição não vendo os seus contratos renovados, num processo que, diz, transcende as suas competências.

Questionado porque é que o Complexo das Escolas de Arte funciona com menos de 500 estudantes, quando a sua capacidade é de mais de três mil, o responsável respondeu que o número de vagas disponibilizadas é em função da capacidade interna, e do ponto de vista da capacidade dos docentes.

"Em situação normal nós estaríamos a funcionar com 98 cursos e temos apenas 16, mas para funcionar bem temos de ter docentes suficientes para cobrir o défice".

Segundo o responsável da única escola de arte no País, o CEARTE conta com menos de 70 professores, entre os de especialidades e os das disciplinas de formação geral. Para funcionar, precisa de, pelo menos, mais 270 professores.

"A nossa maior carência é a nível das disciplinas de especialidade, por isso é que não trabalhamos os dois turnos".

Insegurança também não ajuda

Quem estudo e trabalha no CEARTE corre o risco de ser assaltado face à localização da instituição, ou seja, está contruída numa área distante da Avenida Fidel de Castro e do condomínio Jardim de Rosas, e por isso os estudantes têm de percorrer longas distâncias a pé para alcançar a estrada principal, numa zona coberta de mata, para apanharem o táxi.

O director-geral da instituição revelou que, fruto da localização da escola, os estudantes e trabalhadores do CEARTE são alvo de constantes assaltos na zona.

Para o presente ano lectivo, o Complexo Escolar das Artes recebeu apenas 178 novos alunos, num total de 254 vagas disponibilizadas e distribuídas pelas diferentes áreas de formação.

Eusébio Pinto reconhece existir falta de divulgação da instituição e precisou que há também falta de interesse dos criadores de arte.

"Os jovens criadores de arte dão prioridade a outros cursos, esquecendo que existe uma escola de arte no país, e, quando não conseguem vagas nos cursos em que se inscreveram então correm para aqui. Também existe o tabu de que arte não é profissão", disse.

"A nossa instituição é vocacionada para ministrar também da 7ª à 9ª classe do ensino secundário, mas nunca ministrámos o primeiro ciclo do ensino secundário por falta de professores", revelou.

Eusébio Pinto disse também que desde a criação da instituição, em 2015, a escola nunca foi orçamentada e que depende de uma verba de menos de dois milhões de Kwanzas por mês, proveniente do Ministério da Cultura que, segundo explicou, não é suficiente.

Internato concluído há quadro anos não funciona por falta de dinheiro

O Complexo Escolar das Arte possui um internato com capacidade para 106 alunos, as obras estão concluídas desde a inauguração, em 2015, mas esse internato não funciona por razões financeiras.

Segundo o director-geral, Eusébio Pinto, o internato foi concebido na perspestiva de ter estudantes estrageiros e provenientes de outras províncias do País para que pudessem ser a alojados na instituição.

"Temos as condições estruturais criadas, mas não temos dinheiro para pôr em funcionamento o internato".

Quanto aos equipamentos, Eusébio Pinto assegurou que estão conservados, estando apenas à espera de condições financeiras para funcionarem.

Construído de raiz em 2014, o Complexo das Escolas de Arte, cujo orçamento não foi tornado público, está situado nas proximidades do Condomínio "Jardim de Rosas", em Talatona e possui, logo à entrada, um espelho de água, que já não funciona por falta de manutenção, pois, segundo o director-geral, também não há verba para tal.

A criação da instituição resulta da junção das extintas Escolas Nacionais de Artes Plásticas, Dança, Música e Teatro, antes situadas na Ex-Académica de Música (Marginal) e no Rangel.

Possui uma capacidade para 3.840 alunos, conta com 24 salas, tem um laboratório, uma biblioteca, um internato com 106 lugares, que não está a funcionar, um pavilhão polidesportivo, um posto médico, que também não funciona, um refeitório, um anfiteatro ao ar livre, um laboratório de Física e de Química e um auditório multiusos com a capacidade de 309 lugares que tem recebido poucas actividades.