Apesar da confiança numa "nova acutilância" dos governantes empossados no último sábado - onde se inclui o novo governador de Luanda, Adriano Mendes de Carvalho -, o secretário-geral adjunto do Sindicato dos Enfermeiros de Luanda, António Kileba, avisa que "a paciência dos profissionais está no fim".

Em declarações à agência Lusa, o responsável adianta que os cerca de 7.000 profissionais de enfermagem em funções na capital do país preparam-se para "paralisar a qualquer momento", em ruptura com o governo provincial de Luanda, acusado de desrespeitar as negociações para cumprimento de reivindicações que se arrastam há cinco anos.

Em causa está o acordo que conduziu à suspensão da greve que estava convocada para o passado mês de Maio.

Segundo o sindicalista, a decisão de anular a paralisação teve como contrapartida a garantia de que as exigências dos enfermeiros seriam tratadas no âmbito de duas comissões técnicas, especialmente criadas para o efeito.

António Kileba adianta que uma das comissões ficou encarregada de proceder ao levantamento de todo o pessoal com retroactivos em atraso, enquanto a outra se dedicaria a apurar os subsídios de consulta em atraso.

"Este processo terminou no dia 10 de Agosto, mas a comissão de subsídios daqueles profissionais que fazem consulta nos hospitais e centros de saúde onde não há médicos, até aqui não reuniu", lamenta o sindicalista, de dedo apontado para o governo de Luanda.

De acordo com o secretário-geral adjunto do Sindicato dos Enfermeiros de Luanda, a inoperância dessa comissão deve-se à "má-fé" do gabinete provincial de Saúde e do governo da província.

"Com documentos assinados e com prazos estabelecidos, quando não se cumpre o que foi acordado, estamos em crer que não vai restar-nos mais nada se não accionarmos a lei da greve para fazer valer os nossos anseios", antecipa o responsável.

Para além de reivindicarem promoções e o pagamento de retroactivos e subsídios de consulta, os enfermeiros estão preocupados com o envelhecimento de quadros do sector.