A descoberta macabra, segundo Emília Quissanga, directora pedagógica da referida Escola, ocorreu por volta das 11:00 desta terça-feira, "quando três alunos, a convite do adolescente que trouxe a caveira, foram até ao portão da Escola, local onde normalmente têm ficado todas as mochilas dos alunos, para confirmar a existência do crânio".

Emília Quissanga contou que o adolescente, durante os interrogatórios na sala da directoria da Escola, "disse que reside nas vizinhanças do Cemitério da Mulemba, vulgo cemitério do 14, e que ele e os seus amigos costumam entrar no Cemitério para brincar e que só levou a Ccaveira para Escola para assustar os seus colegas de turma e alguns jovens que o têm ameaçado".

Ainda de acordo com a directora, durante os inquéritos, o menino garantiu que tem usado o campo santo para brincar com os seus amigos, desde os sete anos de idade.

"Ele (o adolescente) afirmou que costuma a brincar com os seus amigos dentro do cemitério. E usam os crânios e outras ossadas do corpo humano, como se de pedras se tratasse", explicou.

Têm sido encontrados "corpos de crianças em estado de putrefacção, ou, às vezes, já só ossadas, no interior do cemitério"

Por sua vez, contactado pelo NJOnline o segundo vice administrador do Cemitério da Mulemba, Miguel José Chaves, garantiu que a direcção do Cemitério não tem conhecimento deste caso e que a segurança do recinto funciona em pleno.

"Desconheço este caso. A direcção da Escola devia nos comunicar este assunto. Todos os corpos que já estão em tempo de fazermos exumação, já fizemos e depois voltamos a enterrar numa profundidade muito elevada", disse, garantido que de tempos a tempos tem registado a entrada de alguns petizes que insistem em pular o muro para brincar no interior do campo santo.

"Todos esses garotos que tentam entrar no cemitério para brincar, a nossa segurança põe logo o pé, não sei onde este menino tirou o crânio", disse.

Miguel Chaves salientou, no entanto, que "a direcção tem encontrado corpos de crianças em estado de putrefacção, ou, às vezes, já só ossadas no interior do cemitério".

"Isto acontece porque o bairro onde está situado o cemitério é muito pobre, e, nem dinheiro para realizarem os funerais dos seus entes queridos têm", referiu, sublinhado que em diversas situações os moradores optam por atirar os corpos para o interior do cemitério.

O NJOnline contactou também o director de comunicação do Ministério do Interior, Intendente Mateus, que afirmou que, por se tratar de um de menor, o caso teve de ser transferido para o julgado de menores.

"Estamos a par deste caso desde o primeiro momento, o rapaz não pode ficar detido nas instalações pertencentes ao Comando Provincial de Luanda da Policia Nacional (PN), e, por se tratar de um menor, o caso foi remetido ao julgado de menores para melhor tratamento", esclareceu, acrescentando que o achado macabro foi entregue ao Serviço de Investigação Criminal (SIC), que está agora a investigar o caso.