Para conhecer de perto este imenso "lago" artificial de petróleo (na foto), onde se estima que estejam depositados mais de 30 mil barris de crude, misturados com águas pluviais, e com forte potencial de contaminação dos aquíferos subterrâneos e cursos de águas locais, a ministra do Ambiente, Paula Cristina Coelho, esteve no local, acompanhada de técnicos do seu ministério e do governador provincial do Zaire, Joanes André.

O "lago" de petróleo está localizado junto à base logística de Quinfuquena, local próximo da cidade do Soyo, e a Somoil refere-se a ele como um "passivo de guerra" porque resultou da destruição, em 1993, de dois reservatórios gigantes contendo cada um deles centenas de milhares de barris de crude.

Ao longo de décadas, como já vários especialistas em questões ambientais alertaram, este crude, misturado com outros tipos de resíduos, está há pelo menos 25 anos a infiltrar-se lentamente no subsolo onde encontra reservatórios naturais de água, sendo ainda natural que escorrências provocadas pelas intensas chuvas, levem parte do seu conteúdo para cursos de água vizinhos, que acabam por ser utilizados pelas populações, com resultados que tardam em ser estudados com afinco.

Ao que se sabe, a Somoil, que acolheu os direitos de exploração "on shore" da área em 2008, ficou, no caderno de encargos, com a responsabilidade de, em conjunto com as autoridades locais e nacionais, encontrar uma solução, o que, até hoje, ainda não sucedeu.

Todavia, a Somoil, segundo o Jornal de Angola, tem em mãos uma proposta de solução para este problema, que recorre a novas tecnologias, faltando o veredicto da tutela do Ambiente e dos Petróleos, para que seja recolhido, não só o crude visível, como o que ao longo de décadas se foi misturando com o solo envolvente.

No entanto, a Somoil já garantiu no passado que este depósito artificial de crude não representa perigo para os lençóis freáticos ou mesmo da orla marítima, que dista menos de um quilómetro do local, embora ambientalistas já tenham garantido que esse risco é real.

Uma das razões que pode tornar aceitável um risco menor de poluição circundante é que o "lago" foi originalmente criado como bacia de retenção para eventuais derrames dos dois depósitos - 400 mil barris cada um -, cuja concepção inclui a aplicação de materiais que garantem o seu selamento contra fugas.

Todavia, nada garante protecção contra um eventual incêndio.

Face a este cenário, a ministra do Ambiente, na visita que fez ao local nas últimas horas, deixou clara a sua preocupação com o local.

"A questão deste passivo preocupa-nos de forma muito alarmante, uma vez que ainda não sabemos o impacto que este derrame tem na saúde pública, uma vez que existem residências construídas em cima das linhas de transporte do petróleo bruto. Por isso, precisamos esta colaboração", disse Paula Cristina Coelho, citada pela Angop.

Para minimizar os efeitos deste depósito de petróleo a céu aberto, a governante quer que sejam catalogadas as espécies de fauna e flora afectados pelo incidente de há 25 anos, pelo como a sua extensão à actual exploração petrolífera "on shore".

E pediu para que sejam respeitadas as disposições contidas no Programa Nacional sobre a Qualidade e Normalização Ambiental.

Elaborado há dois anos, o referido programa, segundo a ministra, "contém todas as normas aplicáveis para este tipo de situações", aconselhando a Somoil a cingir-se a diploma para que esteja certificada em termos de boas práticas de conservação ambiental.

E lembrou que o Ministério do Ambiente dispõe de um piquete para denúncias de crimes ambientais e que o seu programa compreende uma interacção directa com os governos provinciais, sendo o Zaire aquela onde os primeiros efeitos podem ser visíveis em breve.

A resolução deste problema é essencial porque, adiantou, o Soyo consta na lista onde vão ser criadas áreas de conservação de recursos marinhos.