O novo financiamento do Fundo Global a Angola, para travar a malária e o HIV/Sida no país, é válido para o triénio 2019-2021, e vai contar com controlo reforçado, na sequência do escândalo de desvio de quatro milhões de dólares detectado em 2014.

"Implementámos medidas muito rigorosas, para garantir a boa gestão financeira das subvenções e uma boa gestão programática também", garantiu ontem, em Luanda, Adriana Jimenes Cuen, gerente de portfolio Angola da instituição internacional.

Falando à margem da assinatura do novo acordo, entre o Fundo Global, Ministério da Saúde e os parceiros de execução dos programas, nomeadamente o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e World Vision, a responsável adiantou que haverá "uma nova unidade de apoio técnico em cada um dos recipientes principais", bem como "a criação de um agente fiscal para o Ministério da Saúde, que supervisiona e analisa todos os gastos".

À acção destes dois elementos vai ainda juntar-se a intervenção de uma empresa de contabilidade terceirizada, revelou Adriana Jimenes Cuen.

A gestora destacou igualmente que existe "uma supervisão mais próxima do Mecanismo de Coordenação do país", e "muitas lições aprendidas da gestão financeira de subvenções do Fundo Global" que serão aplicadas.

Adriana Jimenes Cuen lembrou ainda que há "muitas recomendações" a ter em conta, decorrentes da investigação realizada em 2014, após constatação, pelo Ministério da Saúde de Angola de "operações injustificadas e fraudulentas".

As irregularidades remontam o ano de 2014, quando o Fundo Global tinha disponibilizado 189,2 milhões de dólares ao Governo, dos quais 95,4 milhões de dólares tinham como destino o controlo da malária, a principal causa de morte por doença em Angola.

Desse valor, constatou-se o desvio de cerca de quatro milhões de dólares em resultado de transferências bancárias irregulares pelas quais foram acusados Sónia Neves, o seu esposo, Mauro Gomes, e Nilton Saraiva, todos ex-funcionários do Ministério da Saúde.

Já julgados pelo Tribunal Provincial de Luanda, os reús Sónia Neves e Nilton Saraiva, foram condenados a condenou a oito e seis anos de prisão, respectivamente, enquanto Mauro Gomes foi absolvido.

Contudo, nenhum dos arguidos ficou preso, porque as penas, proferidas no ano passado, permanecem suspensas até decisão do Tribunal Supremo.