Durante o encontro, Thomaz Ramalho, oficial de Assentamentos Humanos e representante do UH-Habitat em Angola, disse que o musseque não é uma opção de escolha, mas uma necessidade por parte das pessoas.

De acordo com Thomaz Ramalho, a organização UH-Habitat já sugeriu ao governo angolano apostar na reabilitação dos musseques como solução de habitação em Luanda.

"A urbanização dos musseques é a garantia de uma moradia digna para todos", disse o arquitecto brasileiro.

Jaime Mesquita, um dos muitos arquitectos presentes na mesa redonda, criticou a falta de continuidade e de organização no projecto de Requalificação Urbano existente na capital, o que, no seu entendimento, "não irá permitir a integração de todos os residentes e proporcionar oportunidades de emprego".

A arquitecta Maria João, da associação Development Worhshop (DW), defendeu que "a regularização fundiária é um dos principais problemas de terra em Luanda e deve ser encarada pelo governo como prioridade para requalificação do País".

Segundo a arquitecta, "70% da população vive em áreas pré-urbanas e é fundamental a intervenção directa do Estado para criar condições fundamentais para que os bairros tenham condições de acesso, saneamento, energia e água, como são os casos dos bairros Mártires, Cassenda e Popular".

"Não é possível acabar com os musseques, pois nesta altura o Estado não tem dinheiro para requalificação urbana dos bairros. Então, a solução passa pela melhoria de condições dos mesmos. Pensar em acabar com os musseques com a requalificação é uma loucura", defendeu.

O economista Alves da Rocha, que participou no encontro, disse ao Novo Jornal Online que "há um contacto entre a economia e a arquitectura" e considerou que "se o Estado não aproveitar os espaços, então ficará diante de uma capital morta".

Segundo o economista, "as habitações são essenciais e isso deve ser levado em conta pelo Estado, o que passa por investir nas infraestruturas habitacionais para permitir aos cidadãos evitar recorrer a créditos para habitação".

Para Alves da Rocha, "o musseque tem de ser considerado parte da cidade e não acabarmos com eles". "Se o Estado não tem dinheiro, então temos que optar por esses projectos de urbanização dos musseques e apostar no sector privado para que se criam oportunidades de emprego, porque um bairro estruturado atrai investidores e cria oportunidades de serviços", concluiu.