As reclamações dos bolseiros angolanos na Roménia acumulam-se há meses, agravadas pelo silêncio do INAGBE, que continua sem dar resposta aos emails, telefonemas e cartas que os estudantes encaminham.

Numa das últimas missivas, datada de 15 de Junho e direccionada para o director do INAGBE, Jesus Joaquim Baptista, a União dos Estudantes Angolanos na Roménia expõe dificuldades para pagar propinas, garantir um tecto e acesso a cuidados médicos.

Segundo a carta, à qual o Novo Jornal Online teve acesso, desde Dezembro de 2015 que os estudantes aguardam esclarecimentos sobre a implementação, sem aviso prévio, de cortes aos subsídios de alojamento, da mesma forma que desesperam pela atribuição de seguros de Saúde.

"Inúmeras vezes ficamos doentes e sem condições para ir a um hospital digno", lamentam os bolseiros, sublinhando que, sem seguro, os preços tornam-se incomportáveis.

"Todos os anos lectivos somos obrigados a contrair dívidas extremas para podermos pagar as propinas das universidades", relatam os alunos, alertando para os efeitos dos incumprimentos.

"Se não pagarmos seremos deportados, como foram os casos dos colegas Fernando Zenildo e Abel da Silva", expulsos do país por atrasos no pagamento de propinas.

A penalização, conforme o Novo Jornal Online noticiou no ano passado, deve-se à caducidade dos vistos, cuja renovação depende de declarações das universidades, que, por sua vez, só as emitem se as contas estiverem em dia.

As exigências acabam por atirar muitos alunos para a ilegalidade, situação que os coloca em risco de deportação e sem acesso aos estudos, esvaziando o motivo da ida para a Roménia.

"Fizemos reclamações e nada é resolvido"

Para além das queixas de cortes nos subsídios de alojamento, da falta de seguro de saúde e de falhas no pagamento de propinas, os estudantes reclamam da forma opaca como alegadamente se processam as transferências dos subsídios mensais.

De acordo com a União dos Estudantes Angolanos na Roménia, em cada ronda de pagamento de subsídios há bolseiros excluídos, sem que se percebam os critérios para eleger uns em detrimento de outros.

"Fizemos reclamações e nada é resolvido", sublinham os alunos na carta, que, cinco meses depois, permanece sem resposta.

O Novo Jornal Online contactou o INAGBE para obter os esclarecimentos que têm faltado aos bolseiros, mas, depois de uma tentativa de recolher informações presencialmente e de outra por escrito, o silêncio continua a prevalecer.

Enquanto isso, da Roménia chegam ecos de novos ultimatos nas universidades para pagamento de propinas, sob pena de interdição do acesso às aulas.

"As dificuldades vão aumentando e a vida dos bolseiros fica cada dia mais complicada. Pedimos encarecidamente ao Estado Angolano que vele pela situação dos Estudantes, e ao Exmo. Director que se melhore a gestão dos departamentos e pagamentos de bolsas", apelam os bolseiros.