José Borges Varela referiu ainda que, enquanto Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa nunca recebeu a ré Celeste de Brito, tendo havido troca de mensagens em que a ré informava estar na companhia de investidores tailandeses e que necessitava de uma garantia soberana para assegurar o financiamento de 50 mil milhões de dólares.

"A assinatura é completamente diferente da usada pelo Vice-Presidente da República", afirmou José Varela, citado pelo Jornal de Angola, que acrescenta que o director do gabinete de Bornito de Sousa declarou ainda que os contactos com a ré Celeste de Brito foram por via "WhatsApp".

Em julgamento estão 10 réus de quatro nacionalidades diferentes, sendo quatro angolanos, quatro tailandeses, um eritreu e um canadense, envolvidos no processo, que remonta ao ano de 2017.

A dois outros arguidos, os angolanos Norberto Garcia, José Arsénio Manuel, foram aplicadas a medida de coacção de prisão domiciliária, dos oito arguidos que se encontram em prisão preventiva, quatro são tailandeses, Raveeroj Ritchchoteanan, 52 anos, e considerado o mentor da tentativa de burla, Monthita Pribwai, 28 anos (esposa do réu Raveeroj), Manin Wantchanon, 25 anos, e Theera Buanpeng, 29 anos, bem como André Louis Roy, canadiano de 65 anos, e Million Isaac Haile, eritreu de 29 anos.

Com a mesma medida de coação encontram-se os réus Celeste de Brito António e Christian Albano de Lemos, ambos angolanos.

O julgamento que decorre no Tribunal Supremo, conta com 38 declarantes, entre eles altas figuras da sociedade angolana, com destaque para o antigo Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas Geraldo Sachipengo Nunda, o ex-Comandante-Geral da Polícia Nacional de Angola, Alfredo Mingas "Panda", Belarmino Van-Dúnem, ex- PCA do Conselho de Administração da Agência para a Promoção do Investimento e Exportação de Angola (APIEX) e Mário Palhares actual PCA do BNI.

O ex-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, general Geraldo Sachipengo Nunda, deverá ser ouvido hoje, na continuação do julgamento do caso "Burla Tailandesa", iniciado em Janeiro deste ano.

Sachipengo Nunda vai ao tribunal na qualidade de presidente da mesa da Assembleia Geral da cooperativa "Njango Yetu", uma das associações que também beneficiaria do financiamento de 50 mil milhões de dólares dos supostos investidores tailandeses.


O director-geral do Fundo de Apoio Social (FAS), Santinho Figueira, também ouvido ontem pelo Tribunal Supremo, disse que conheceu os supostos investidores tailandeses quando estes passaram pelo seu gabinete acompanhados da ré Celeste de Brito, na altura titular do Natrabank, com a qual assinou um Memorando de Entendimento para a construção de aldeias rurais.