A Polícia Nacional (PN) fez deslocar para a zona do viaduto entre o Rangel e o Cazenga um forte contingente para retirar os trabalhadores que ocuparam a via logo às primeiras horas da manhã de hoje, como o NJOnline constatou no local.

Os grevistas acabaram por ceder à força policial e deixaram a via para a circulação dos dois comboios, com atraso significativo face ao horário inicialmente previsto, mas, pelo caminho, três dos trabalhadores ficaram feridos, um deles com gravidade e acabou, segundo fontes do Sindicato dos Trabalhadores dos CFL, por perder um braço.

Os serviços mínimos foram interrompidos por imposição dos trabalhadores, que levaram a administração dos CFL a admitir que não existiam condições para os manter, logo após a retoma da greve, há cerca de um mês, desde 18 de Abril.

Esta greve tem subjacente a exigência dos trabalhadores sobre um conjunto de regalias laborais, incluindo a questão fulcral, para a qual a administração já disse não ter condições para cumprir, que é um aumento salarial generalizado de 80 por cento.

Face ao prolongado período sem serviços mínimos, os CFL anunciaram na sexta-feira que a partir de hoje seria retomados os serviços mínimos, que compreendem a circulação de quatro comboios de manhã e ao final do dia, nos dois sentidos, entre as estações de Luanda (Bungo, Musseques) e Viana (Baia), com horários entre as 06:00 e as 18:15.

Perante a reusa dos funcionários em cumprir com esta exigência, os CFL optou por uma requisição civil para garantir o regresso à normalidade da circulação ferroviária, na sequência da greve dos trabalhadores por tempo indeterminado iniciada a 18 de abril.

Segundo o CFL, a retoma dos serviços mínimos visa "atender o sofrimento da população e atenuar os prejuízos das duas paralisações que já estão estimados em 38 milhões de kwanzas".

"Os grevistas não podem continuar a prejudicar o interesse superior da população e do Estado no cumprimento das suas obrigações e qualquer acto que possa ser entendido como sabotagem os seus autores serão responsabilizados civil e criminalmente nos termos da lei", avançou a administração numa nota divulgada na sexta-feira.

Os trabalhadores do CFL estão em greve por tempo indeterminado desde o dia 18 de Abril, a segunda depois da paralisação em Janeiro deste ano, para exigir o cumprimento pela entidade empregadora dos 19 pontos reivindicativos que apresentaram, em que a reivindicação principal passa pelo aumento salarial na ordem dos 80%.