A Empresa Nacional de Pontes poderá renascer das dívidas graças a um acordo do Executivo com investidores chineses, compromisso que se encontra em processo de negociação.

A informação foi avançada ao Jornal de Angola pelo director de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério da Construção e Obras Públicas, Samir Kitumba, e, apesar de ser vista como um sopro de esperança, não é ainda suficiente para afastar a desconfiança há muito instalada junto dos trabalhadores.

"Estamos à espera que isso seja verdade. Se não for, será mais uma promessa. Nós queremos ver para crer", disse ao Novo Jornal Online o secretário da comissão sindical dos trabalhadores, Mateus Muanza.

O responsável adiantou que a comissão reuniu há duas semanas com a direcção da empresa, encontro no qual teve conhecimento das negociações com a firma chinesa.

"A nossa preocupação prende-se com o anúncio de despedimentos que poderão ser feitos a nível interno", explicou Mateus Muanza, sublinhando que, apesar das promessas, a situação dos trabalhadores continua péssima.

De recordar que, no início deste mês, a direcção da Empresa Nacional de Pontes anunciou que vai reduzir temporariamente o número de trabalhadores, para não agravar ainda mais o volume de dívidas salariais.

Enquanto esperam pelo pagamento dos mais de quatro anos de salários em atraso, em concreto 52 meses, os funcionários relatam uma rotina de desalento.

"Estamos aqui a morrer, com a família desamparada, os filhos sem estudar. Perdemos a nossa dignidade, estamos completamente debilitados devido à falta de salários", contou o sindicalista Mateus Muanza.