"O programa do CNC, na sua criação e competência, fala de formação de quadros e, assim, também financiou a formação de magistrados do Tribunal Marítimo de Luanda. E esse programa já existia quando cheguei ao Ministério, eu só lhe dei continuidade", disse Augusto Tomás durante a sessão de discussão e julgamento de hoje deste mediáticao "Caso CNC" que já vai na sua 7.ª sessão, cinco das quais dedicadas a ouvir e questionar o ex-ministro.

Questionado porque foi exonerado o ano passado das funções de ministro dos Transportes, o ex-governante disse não saber as razões.

"Apenas fui informado no dia que seria exonerado e quando perguntei o porquê apenas me disseram que também não sabiam", explicou.

Perguntado se durante o seu consulado fez auditorias no CNC, respondeu que as auditorias eram feitas anualmente.

Interrogado porque é que não informou das irregularidades do CNC às autoridades, disse nunca ter notado anomalias nas auditorias realizadas.

Instado a responder por quanto tempo reembolsou os empréstimos bancários feitos por si, respondeu que o fez nas fases estabelecidas pelos bancos.

O juiz Joel Leonardo, que preside ao colectivo que está a julgar este caso, perguntou porque é que não entregou o prófugo (fugido à justiça) Augustinho Itembo, ex-director-geral do CNC à data dos factos, com o ex-governante a responder que não viu irregularidades para o fazer.

Após o término do seu interrogatório, a sessão prosseguiu com a ré Isabel Bragança, ex-directora-geral adjunta para as Finanças do Conselho Nacional de Carregadores.

Perguntada se beneficiou do programa das bolsas de estudo do CNC, disse que não e que sempre pensou que não era normal o CNC financiar bolsas de estudo no exterior.

Instada a responder se Augusto Tomás sabia do programa de bolsas, disse não lhe competir saber, mas que o ex-director-geral do CNC sempre disse que estava a cumprir ordens do ministro e que preferiu não se envolver no assunto para não correr o risco de perder o salário que era muito bom.

A ré Isabel Bragança confessou também que, por acaso, falou do programa de bolsas ao ministro no ano de 2015 e notou que Augusto Tomás ficou surpreendido e teve a impressão que o mesmo não sabia deste programa.

Esta afirmação da ex-directora-geral adjunta para as Finanças do Conselho Nacional de Carregadores coincide com as afirmações do réu Augusto Tomás, que nas declarações feitas já em sala de audiências tinha dito que que tomou conhecimento do programa de bolsas pela ré Isabel Bragança.

Perguntada sobre qual foi a reação do ministro, Isabel Bragança reafirmou a sensação de que o mesmo não sabia da existência deste programa de bolsas do CNC e disse ainda que, questionada sobre esse facto, não se lembrava do valor do programa.

Notou, todavia, que não sabia se o programa estava ou não suspenso, porque havia muitas pessoas em formação no exterior à data da sua exoneração, há cerca de um ano.