A informação foi avançada ao NJOnline pelo director do gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da DNVT, superintendente-chefe Angelino Sarrote, que garantiu que só na província de Luanda, desde o dia 18 já foram emitidas 8.000 cartas de condução.

Ao NJOnline, Angelino Serrote não precisou o número de cartas emitidas nas províncias do Huambo, Huíla Malanje e Namibe, por falta de dados, mas explicou que apenas estas províncias estão a emitir o documento de acordo com a orientação superior.

Questionado sobre o porquê de não estarem a emitir cartas de condução desde ano, o porta-voz da DNVT respondeu que a Direcção Nacional de Viação e Trânsito não quer misturar os assuntos, e que pretende dar um tratamento diferenciado aos casos mais antigos.

Angelino Serrote argumentou que este novo método, de forma presencial, é para evitar os constantes actos de corrupção.

"Para evitar que digam que entregaram dinheiro a A ou a B. Estamos a pedir que as pessoas venham presencialmente aos nossos postos e entreguem os verbetes, do ano em referência, ou de antes, e emitimos a carta de condução no mesmo dia".

Segundo o porta-voz da DNVT, os demais cidadãos que deram entrada dos documentos nas suas províncias devem aguardar a emissão local.

"A perspetciva é de estender o modelo a todo o País, mas isso tem custos de implementação e estamos a trabalhar no assunto para que seja possível, é nossa pretensão", referiu.

De lembrar que, em Abril último, altas patentes da DNVT foram detidas por suspeita de actos de corrupção. Entre os detidos estão o ex-chefe do gabinete do director-geral da Direcção Nacional de Viação e Trânsito e o responsável da DNVT no posto de Atendimento ao Cidadão (SIAC), em Cacuaco.

Os funcionários foram detidos porque se dedicavam à venda de cartas de condução e de outros documentos, no valor de 100 a 200 mil Kwanzas, preferencialmente a cidadãos estrangeiros.

A DNTV está desde o ano de 2015 com dificuldades para emitir a carta de condução e livretes, situação que obriga os requerentes do título a usar o verbete que a instituição passa de forma temporária, e renovável de três em três meses.

Três a quatro anos é o tempo que alguns condutores têm de esperar para receber as suas cartas de condução, o que, segundo as autoridades, se deve à falta de cédulas importadas do exterior do País.

Nos postos de emissão de Cacuaco e do SIAC- Talatona, em Luanda, o NJOnline constatou enormes filas de cidadãos que desde o mês passado estão na luta para emitir a sua carta de condução e livretes. Outros estão ainda há mais tempo neste "vai e vem".

"A Direcção Nacional de Viação e Trânsito está a prestar um mau serviço à sociedade, aliás não me recordo dela ter prestado um serviço de forma diferente", disse ao NJOnline o docente universitário Paulo Brijonev, que aguarda pela emissão da sua carta há mais de um ano.

Paulo Brijonev é de opinião que os agentes de trânsito, na via pública, deviam deixar de passar multa aos cidadãos com verbetes fora do prazo em função da demora.

"Tenho frequentado há anos o posto do SIAC - Talatona, é um verdadeiro "Deus nos acuda", são filas enormes e sou obrigado a passar de mês em mês para prorrogar o verbete", explicou o docente.

Angelino Serrote, o porta-voz da DNVT, disse que as enchentes são normais em função do tempo que as pessoas estão sem verem resolvidos os seus problemas.

"Um passivo de quatro anos não se resolve em semanas, por isso é que temos um calendário de atendimento. Não temos capacidade de atender 10 mil pessoas, por isso é que estamos a atender duas mil pessoas por dia", salientou.

De referir que, em Maio último, o comandante-geral da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, recomendou ao novo director nacional de Viação e Trânsito, Elias Livulo, que imprimisse maior celeridade na emissão de cartas de condução e livretes, e apelou ao dinamismo dos funcionários da DNVT.

"Espero que os efectivos se adaptem à nova realidade, abstendo-se das práticas que mancham a imagem da corporação", referiu Paulo de Almeida na ocasião.

O comandante defendeu que o órgão seja mais actuante, enquanto fiscalizador, na metodologia e operacionalidade.

A Direcção Nacional de Viação e Trânsito, abreviadamente designada por DNVT, é o órgão institucional pertencente à Polícia Nacional, e é responsável por assegurar e preservar o cumprimento do código de estrada e legislação.