A reposição dos canais SIC Notícias e SIC Internacional à programação da DStv concretizou-se esta segunda-feira, sem qualquer pronunciamento oficial do canal detido pela sul-africana Multichoice.

Segundo Adilson Garcia, responsável de comunicação da MultiChoice Angola, numa curta declaração ao NJOnline, a operadora optou apenas por efectuar uma "comunicação directa aos clientes".

No entanto, a avaliar pela informação que está a ser prestada, o regresso dos dois canais apanhou a própria empresa de surpresa. "Boa tarde estimado, informamos que o canal SIC Notícias não faz parte da grelha de canais dos pacotes da DStv", informava, ao início desta tarde, o centro de apoio ao cliente.

Por clarificar fica a relação entre o regresso dos dois canais e o comunicado emitido pelo Ministério da Comunicação Social na semana passada.

Na mensagem, enviada à SIC, lia-se que tanto o Governo como o ministro João Melo vêem "com agrado o regresso dos dois canais" a Angola, decisão que passou a estar exclusivamente dependente "dos acordos e das conversações entre a SIC e as respectivas distribuidoras".

Com essa posição, o Executivo conferiu cunho político a um processo que até agora tinha sido tratado apenas como empresarial. Recorde-se que a saída dos canais SIC das grelhas de programação da angolana ZAP e da sul-africana DStv - a primeira ocorrida em Março e a segunda em Junho de 2017 -, foi justicada pelas duas operadoras como uma decisão puramente comercial.

A empresária Isabel dos Santos, que detém a ZAP, acusou mesmo o empresário Francisco Pinto Balsemão, dono da SIC, de "ganância comercial" , dizendo que o mesmo cobrou 1 milhão de euros anuais pela transmissão, quando outros canais internacionais, como a BBC e a Al Jazeera, cobram um valor mais de 10 vezes inferior.

Já a empresa sul-africana rejeitou "qualquer associação das marcas DStv e MultiChoice a um canal de natureza política", surgidas a partir de especulações de que a saída dos canais SIC do país esteve ligada à exibição de várias reportagens de conteúdo crítico para o Governo, nomeadamente uma que fazia referência à pobreza generalizada em Angola.