Em declarações à agência Lusa, o presidente da AEAP, Luís Vitorino, assinala que "desde 2016, com as dificuldades nas transferências bancárias para Portugal, começou a notar-se um movimento de abandono dos estudos", por parte dos angolanos, situação que impede a renovação do visto de residência, potenciando casos de ilegalidade.

Para inverter este quadro, o representante dos estudantes angolanos apela à intervenção do Chefe de Estado.

"Era importante que o Presidente [João Lourenço] tomasse em atenção os nossos problemas e encontrasse uma solução", nota Luís Vitorino, sublinhando que apesar de as famílias realizarem as transferências especificando que o dinheiro é destinado à cobertura de despesas com Educação, o valor continua "preso".

"O banco pede documentos em como somos estudantes, mas mesmo assim o dinheiro chega a demorar meses a ficar disponível", reforça o presidente da AEAP, defendendo a criação de "um sistema que apoie mais os estudantes no que toca às transferências e que dê mais atenção quando os familiares querem fazer uma transferência".

Segundo a Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e da Ciência (DGEEC), em 2017 estavam inscritos nas instituições de ensino superior portuguesas 3.222 estudantes angolanos, número que tem vindo a aumentar ligeiramente todos os anos.

Ainda de acordo com a DGEEC, quase metade dos bolseiros dos PALOP (42%) abandonaram os estudos antes de terminarem a licenciatura em que se tinha inscrito, situação que pode estar ligada às dificuldades de subsistência, agravada pela subida dos preços das propinas.

Contas feitas, um estudante estrangeiro precisa, em média, de cerca de mil euros por mês para sobreviver em Portugal, contabiliza o presidente da AEAP.