"Sabemos que entre 1 a 3% de medicamentos que circulam nos países desenvolvidos é falsificado e contrafeito, em alguns país da América Latina e Ásia esse fenómeno anda à volta de 30% e em Africa chega aos 70 %. Como estamos em África, é nossa preocupação a questão da contrafacção e falsificação de medicamentos", acrescentou o responsável.

Miguel de Oliveira, que falava durante o simpósio sobre contrafacção e reacções adversas a medicamentos, que decorreu na capital do país, apontou que a falsificação de medicamentos é um problema que está a preocupar o sector da saúde, em Angola.

"Alguns medicamentos nem chegam a entrar no país, porque foram apreendidos, e os importadores foram responsabilizados de acordo com as normas vigente em Angola", adicionou.

"Como é o caso de um produto chinês, que depois de apreendido e feito o controlo, detectámos que é impróprio para o consumo. O caso foi entregue às autoridades judicias para a responsabilização dos importadores", frisou.

"Estamos a fazer a recolha completa no mercado deste produto e se divulgarmos quem está a vender poderá esconder", disse, quando questionado sobre a marca do produto, acrescentando ser "muito difícil diferenciar os medicamentos falsos dos contrafeitos. É um negócio que rende por ano 50 mil milhões de euros.

"É muito mais fácil descobrir drogas e combatê-las, do que lutar contra os medicamentos falsificados", sustentou.

Cristina Cunho, inspectora farmacêutica que dissertou sobre o tema "Contrafacção/Falsificação de Medicamentos e Sistema de Notificação", disse que os medicamentos mais falsificados são os analgésicos, antimaláricos, antibióticos e medicamentos para o tratamento de disfunção eréctil.

Segundo Cristina Cunho, os países que mais falsificam medicamentos são a China, Índia e Paquistão. Em Africa são a Nigéria e a RDC.

Dados da OMS indicam que a Nigéria e a República Democrática do Congo não têm nenhum laboratório reconhecido pela Organização Mundial da ou de Saúde, que também está preocupada com os efeitos na saúde pública dos países em desenvolvimento por causa da elevada percentagem - um em cada 10 -, de medicamentos falsos, que estão a matar milhares de pessoas todos os anos.

João Barros, representante exclusivo da Shalina Healthcare, em Angola, e membro da Associação Nacional da Industria Farmacêutico da Angola (ANIFA), que participou do simpósio, disse ao Novo Jornal Online que a sua instituição já identificou, no circuito de medicamentos, algumas fábricas na China que faziam a contrafacção dos medicamentos de várias multinacionais europeia e americanas, e que foram processadas internacionalmente.

"As fábricas clandestinas foram fechadas e os proprietários foram presos e pagaram multas milionárias", disse.

Segundo o representante da Shalina Healthcare, a sua empresa tem colaborado com a Inspecção Geral da Saúde, e com os Serviços de Investigação Criminal (SIC), no sentido de identificar vários casos de contrafacção de medicamentos que entram para Angola através das fonteiras da RDC.

O Novo Jornal Online contactou o responsável do departamento de Inspecção de Saúde Pública do SIC, Edmundo Feio, para pedir-lhe que se pronunciasse sobre o assunto, mas não aceitou prestar declarações, alegando não ter autorização superior.

Participaram no evento directores clínicos, responsáveis da área farmacêutica de todas as unidades públicas e privadas de Luanda e inspectores farmacêuticos.