A FSTE e SINPTENU culpam o SINPROF de tomar uma decisão unilateral, ao decretar a greve, que hoje teve início e deve durar até 27, sendo essa a justificação para manterem os seus associados longe deste protesto, mas os organizadores do protesto laboral não temem menos eficácia da greve, esperando uma adesão em massa dos professores angolanos.

O secretário-geral do SINPTENU, Zacarias Jeremias, diz: "Exortamos os professores das escolas públicas e comparticipadas do país a prosseguirem com o seu trabalho docente/educativo". O secretário-geral do SINPTENU, Zacarias Jeremias.

O presidente do SINPROF, Guilherme Silva, em plano oposto, espera "uma adesão massiva, atendendo que os professores do país estão descontentes e agastados com as condições laborais e salariais".

O sindicalista lamentou que desde que a ministra da Educação, Maria Cândida Teixeira, tomou posse em Setembro de 2017, nunca tenha tido um encontro de trabalho com um parceiro social tão importante como é o SINPROF, quando já foram remetidas questões que exigem resolução imediata.

Na sua opinião, o que mais entristeceu os docentes foi quando foram alertados de que o Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTESS) devolveu a proposta do estatuto de carreira docente ao Ministério da Educação, documento que tinha sido trabalhado arduamente com o contributo do SINPROF desde a última fase de paralisação, em Abril de 2017.

"Retomamos a greve por não aprovarem o novo estatuto da carreira docente, a actualização de categorias dos professores em serviço e a não transição de professores do regime probatório para o quadro definitivo", argumentou Guilherme Siva, salientando que o SINPROF continua aberto ao diálogo com o Executivo, no sentido de se resolverem os problemas da classe.

Sobre os outros sindicatos, o presidente do Sinprof sugeriu que não estão a cumprir comas suas obrigações para com os associados por entender que o Ministério da Educação já demonstrou que não está, efectivamente, empenhado na resolução dos problemas que já estão em cima da mesa das negociações há vários anos sem que existam desenvolvimentos minimamente satisfatórios.

Guilherme Silva pediu aos associados e a todos os professores para não se "deixarem enganar" pela posição das outras organizações sindicais que vai no sentido de admitirem a "boa vontade" do Governo que os últimos anos mostraram não existir.

"Não existe sensibilidade no Ministério da Educação para resolver um problema que está claramente identificado".

Recorde-se que o Ministério da Educação emitiu um comunicado pouco antes do arranque da greve onde garante que foram assinados pela ministra da Educação, Cândida Teixeira, despachos no sentido de resolver alguns dos problemas, nomeadamente a questão da passagem para vínculos efectivos dos professores que se encontram há anos em regime probatório, ou seja, que estão em regime de avaliação pelo Empregador muito para lá do tempo limite legal para o efeito, mantendo artificialmente salários muito abaixo do que teriam direito.

"Onde estão publicado esses despachos? Em que Diário da República foram publicados? Em que edital os professores podem consultar esses despachos e verificarem se os seus nomes foram contemplados?", interrogou-se Guilherme Silva.