Lídia Dembi, directora da única unidade hospital de referência no tratamento de queimados do país, em declarações ao Novo Jornal Online, disse que a falha é constante e dificulta o trabalho das equipas em serviços e cria constrangimento no tratamento de doentes queimados.

"O fornecimento de água aqui no hospital é quase invisível há já vários anos, e, sempre de forma irregular e insuficiente, o que não nos deixa outra saída a não ser comprar água em camiões cisternas", contou.

"Quando o paciente chega ao banco de urgência, a primeira coisa que fazemos é dar banho, porque os doentes com queimaduras têm de estar limpos na hora do tratamento, e a água faz parte do tratamento", disse. E acrescentou: "Muitas das vezes, as famílias ou acompanhantes usam produtos inapropriados nas queimaduras e quando chegam ao hospital, nós precisamos de os retirar, o que sem água fica muito difícil".

A responsável salientou que a situação não é nova, pois as falhas são constantes naquela zona do bairro popular, facto que deixa o Hospital Neves Bendinha com sérios problemas para a sua normal actividade diária.

"Não conseguimos ter os nossos reservatórios com os níveis aceitáveis e isso não nos deixa à vontade neste momento", explicou a responsável, tendo ainda informado o Novo Jornal Online que, nos últimos três meses, o Hospital Neves Bendinha tem registado menos pacientes com queimaduras.

Lídia Dembi disse ainda que o hospital gasta, em média, mais de 60 mil litros de água por dia, e têm de comprar águas em camiões cisternas em que chegam a gastar entre 60 e 90.000 kz por semana e mais de 1 milhão de kwanzas por mês.

"Ai de nós que não tenhamos esse valor para comprar água! O hospital fica sem água e não conseguimos tratar de banhos nem de curativos dos pacientes".

"Na verdade, não posso dizer que esta situação seja nova, as falhas são muito consecutivas", referiu.

Lídia Dembi disse ainda que a situação é já do conhecimento da Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL), bem como da Direcção Provincial da Saúde, mas até à data não foi resolvido o problema

Entretanto, o Novo Jornal Online tem tentado obter esclarecimentos por parte de Vladimir Bernardo, porta-voz da EPAL, mas ainda não obteve resposta por alegada falta de dados.