Este facto foi constatado pelo Novo Jornal Online durante uma ronda efectuada em alguns pontos de vende de viaturas de Luanda.

Maurício Gouveia, comerciante de viaturas no conhecido quintalão (campo do Petro no Golfo 2), há 24 anos, gostou da iniciativa do Executivo mas acredita que essa medida será melhor se, porventura, houver facilidade na compra de divisas.

"Têm que ter facilidade de divisas, se a nota estiver como está, não vai adiantar em nada, os dólares tem que aparecer antes, quando a nota estava 10 mil kz, tínhamos carros novos zero quilómetro, e as pessoas compravam", disse, referindo-se ao tempo em que o dólar valia oficialmente 100 kwanzas, o que era uma realidade, por exemplo, até 2010.

Segundo Maurício Gouveia, cinco anos é muito pouco para se adquirir viaturas na Europa, e solicita o alargamento do período de uso para 10 ou 15 anos.

"Acho que essa lei deve permitir a entrada de viaturas com 10 a 15 anos, porque assim facilita a todos nós, uma vez que 10 anos na Europa é carro em bom estado técnico", defendeu.

Manuel Zanga, outro comerciante, disse ao Novo Jornal Online que as politicas e as intensões do Governo são boas, mas gostaria de ver aumentar o tempo de uso das viaturas a importar.

"Cinco anos da Europa são carros novos, gostaria que fosse 15 anos. Mas esta já é uma boa medida, pois nós hoje ficamos mais de 5 meses sem vender uma viatura, coisa que não acontecia", disse o também vendedor do quintalão.

"Fiquei alegre ao saber que as coisas podem voltar ao seu normal, isso vai trazer mais empregos e ajudar as pessoas a melhorarem os níveis de vida. A anterior decisão do Governo em proibir a entrada de carros usados foi um grande retrocesso nas nossas vidas", afirmou Domingos Dala outro comerciante de viaturas.

No ponto de vendas das organizações Chanas, na rotunda da Gamek, Mário Ngola, que comercializa viaturas há 15 anos, lembrou que os europeus também não dispensam os carros em cinco anos.

"Se o Governo só liberar carros com cinco anos, é mesma coisa que nada", disse, acrescentando: "As medidas de proibição de viaturas em Angola em 2010 prejudicaram muitas famílias. Se essa iniciativa do novo Governo entrar em prática vai ajudar muito".

O economista José Severino, Presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), em declaração ao Novo jornal Online, lembrou que não se deve olhar pra este problema apenas por um ângulo.

"Temos que ver a economia de todos os sectores, como a agricultura, pescas, indústrias e construção... que precisam de um sistema de transportes mas não há dinheiro para comprar carros novos porque a economia das empresas não suporta a compra de carros, e os juros são altos", sustentou.

De acordo com o economista, a alteração que poderá permitir importar viaturas usadas com mais anos vai facilitar muito os diversos sectores, mas sublinhou a necessidade de se estar atento à origem dessas mesas viaturas usadas: "Não podemos importar viaturas de países que não ofereçam garantias. Os mercados europeu e norte-americano oferecem essas garantias".

O director-geral da ADRA (Acção de Desenvolvimento Rural e Ambiente), Belarmino Jelembi, lembrou a experiência da sua organização para defender a alteração à legislação.

"Nós na ADRA estamos envolvidos em projecto de apoio às cooperativas espalhadas pelo país e percebemos muito bem a importância de poder adquirir uma viatura usada a preços razoáveis para o funcionamento e desenvolvimento rural", explicou.

O ministro dos Transportes, Augusto Tomás, disse recentemente à imprensa que estudos de implementação e regularização desta proposta de lei já estão consolidados, restando apenas encontrar consenso entre várias sensibilidades da sociedade como os concessionários de automóveis e outros agentes comerciais.