Repuxos sem água, arbustos desarranjados, relvas e capins secos, é o cenário que encontramos no Largo da Independência, Largo das Heroínas e toda a extensão da Avenida Ho Chi Minh, bem como na rotunda do Aeroporto ao Samba II e na nova marginal no sentido Ilha do Cabo/Praia do Bispo.

O NJOnline fez uma ronda por vários pontos com jardins da cidade de Luanda e verificou que há muito não são regados, facto lamentado por muitos dos que usufruem desses espaços espalhados pela capital.

Manuel André, fotógrafo de 28 anos, que encontramos sentado no Largo da Independência, lastimou o estado em que se encontra o local.

"Temos poucas zonas verdes em Luanda como esta. É triste que esteja tudo assim, praticamente abandonado, até os clientes estão a fugir por causa da falta de manutenção, visto que hoje o largo já não brilha como antes", explicou.

Quem também está preocupado com a situação é o estudante de direito, Pedro Mendes, que antes gostava de estudar no largo em frente à faculdade e desfrutar dos encantos que o espaço oferecia.

Hoje, diz Mendes, prefere estudar noutro local, porque a atracção que tem o sítio já não é a mesma.

"Para mim, este espaço já não é digno de estar sentado, basta olharmos para o estado das árvores, do capim que cresce e da falta de higiene dos transeuntes", frisou.

"As plantas precisam de cuidados, tal como o Homem, quando assim não acontece acabam por morrer. O Governo está a deixar morrer os jardins e não existe nenhuma cidade sem jardim", disse Márcia Adriano, de 30 anos.

Entretantos, vários citadinos ouvidos pelo NJOnline pedem a intervenção urgente do Governo Provincial de Luanda, no sentido de inverter o quadro para devolver a beleza aos poucos espaços verdes que Luanda tem.

Sílvio Alvarenga, director dos serviços comunitários da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda, disse, em declarações ao NJOnline, que o Governo Provincial de Luanda (GPL) registou alguns constrangimentos com a empresa contratada para trabalhar na manutenção e irrigação dos jardins.

Segundo Sílvio Alvarenga, o GPL rompeu o contrato com a empresa encarregada destes serviços e já não prevê a renovação do mesmo por questões de vária ordem. Alvarenga conta que o GPL delegou estes serviços na Comissão Administrativa da Cidade de Luanda.

"Neste momento temos um programa de revitalização dos jardins da cidade, no âmbito da descentração e desconcentração dos serviços. Nós estamos a receber do Governo Provincial de Luanda alguns serviços, entre os quais os de revitalização dos jardins", contou.

De acordo com o responsável, a Comissão Administrativa tem já um programa aprovado e dentro de pouco tempo vão começar a revitalizar os jardins da cidade de Luanda.

"Do ponto de vista técnico e administrativo, já começámos, só nos falta preparar o terreno e começarmos a fazer crescer os sítios verdes e melhorar os aspectos de paisagismo da cidade", disse, acrescentando: "Neste momento estamos a recrutar pessoal, que vamos formar, a adquirir equipamentos de jardinagem e a tratar o problema da água para regar os espaços verdes".

Sílvio Alvarenga disse ainda que a cidade é uma zona problemática em termos de abastecimento de água, por isso vão continuar a fazer os abastecimentos por via de camiões-cisterna.

"Vamos ter pontos onde teremos tanques de água, para que possamos abastecer as cisternas sem constrangimentos com os trabalhos de irrigação dos nossos jardins", explicou.