Toni Fancy, como é conhecido no meio, disse ao Novo Jornal Online que o seu despedimento da Rádio Comercial 2000 "foi injusto e tem conotações políticas relacionadas com o governo da Huíla".

"Fui despedido porque o meu director achou que eu não devia falar em nome do órgão, mas ele sabe que eu sou jornalista. Será que só posso falar quando as notícias são bem queridas? Eu não disse nada que não seja verdade. Usei a minha prorrogativa normal enquanto jornalista da casa, mas ele acha que a casa tem de obedecer aos patrões, que colidem com a Lei da Imprensa", disse o jornalista.

"Aproveitei a oportunidade de ser credenciado e exerci o meu papel de forma normal, mas o órgão considerou que não estava preparado para as perguntas. Eu acho que fiz o meu papel como servidor público", acrescentou.

Toni Fancy, que trabalha há três anos na Rádio 2000, acredita que as perguntas que colocou ao PR não caíram bem aos seus patrões, nem ao governo da província da Huila.

"Não lhes caiu bem eu ter questionado o PR e esquecem-se dos protestos do povo da Huíla, mas, e eu pude perceber bem, nesta conferência de imprensa, que a auto-censura é mais grave do que a censura. Acredito que algumas palavras podem fazer perder o pão, e foi exactamente o que aconteceu comigo", reforçou.

"O meu despedimento tem conotações políticas com o governo da Huíla. Lamento muito que algumas pessoas usem isto para tirarem dividendos políticos, mas eu não sou político, sou jornalista. Se os políticos locais acham que a minha intervenção foi contra eles, eu apenas lamento", disse.

A direcção da Rádio 2000, em resposta a este assunto, esclareceu, em comunicado a que o Novo Jornal Online teve acesso, que António Francisco Manuel se deslocou a Luanda por sua iniciativa, não tendo sido autorizado pela direção da Rádio a estar presente na Conferencia de Imprensa dada pelo mais alto dirigente da Nação.

No comunicado, a Direcção da Rádio 2000 esclarece que "não credenciou o jornalista para a cobertura da referida conferência de imprensa".

Por esse motivo, refere a nota, " a direcção descarta-se de toda a responsabilidade em relação às questões apresentadas por António Francisco Manuel, e repudia esta conduta, que considera indecorosa e grave".

A nota, assinada pelo director geral, José Manuel Rodrigues, esclarece ainda que o alegado baixo salário que António Francisco Manuel diz auferir resulta da sua prestação de serviço em regime de colaborador, cuja carga horária é inferior a duas horas (diárias).

Já o secretário provincial interino do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), na Huíla, Domingos de Sousa, em declarações à DW, condena a medida drástica e defende o diálogo na busca de uma solução.

"Espanta-nos que esta medida tenha sido tomada desta forma tão drástica. Nós pensamos que poderia ter havido algum diálogo, não vamos dizer quem tem razão ou quem não tem, mas vamos partir para o diálogo e depois deste diálogo iremos tomar uma posição em relação a este caso", defendeu o sindicalista.