A informação foi avançada esta tarde por Pedro de Carvalho, assessor do Procurador-Geral da República, em declarações à Radio Nacional de Angola, que adiantou que Zenu fica com termo de identidade e residência como medidas de coacção.

"José Filomeno dos Santos foi posto em liberdade por ter terminado o prazo de pisão preventiva" legalmente admitida, disse e acrescentou que "o processo vai prosseguir" ficando este a aguardar julgamento em liberdade mas com termo de identidade e residência.

Pedro de Carvalho disse ainda que ex-presidente do Fundo Soberano de Angola tem ainda o "processo 500 milhões", presumivelmente transferidos ilegalmente para fora do país e no qual o filho do ex-presidente da República, José Eduardo dos Santos, tem como medida de coacção a interdição de saída do País.

Questionado por que razão Jean-Claude Bastos de Morais viu o processo arquivado e José Filomeno dos Santos não, Pedro de Carvalho respondeu que apesar de estarem no mesmo processo o crime é pessoal e que cada um responde na medida da sua culpa.

O assessor do Procurador-Geral da República disse ainda que, no caso de José Filomeno dos Santos, existem fortes indícios na prática do crime de peculato, o que faz com que o processo prossiga.

O NJOnline esteve esta manhã na PGR em busca de informações sobre a natureza jurídica desta ordem de soltura de Zenu, tendo sido dito ao jornalista que as informações que havia para dar seriam fornecidas numa entrevista à Rádio Nacional de Angola.

O antigo presidente do Fundo Soberano de Angola estava sob prisão preventiva desde Setembro do ano passado acusado de associação criminosa, tráfico de influência, burla e branqueamento de capitais, pretensamente, cometidos durante o período em que exerceu o cargo de presidente do Conselho de Administração do FSDEA.

Zénu, como é conhecido José Filomeno dos Santos, estava detido sob a acusação de má gestão do FSDEA, que dirigiu entre 2012, ano em que foi criado com uma verba inicial de 5 mil milhões USD, e Janeiro de 2018, altura em que foi exonerado das funções pelo Presidente da República, João Lourenço.

Recorde-se que a ordem de soltura de "Zenu" ocorreu pouco mais de 48 horas após a libertação de Jean-Claude Bastos de Morais, da Quantum Global, empresa que geria parte dos fundos do FSDEA.

A libertação de Bastos de Morais foi justificada, depois de assinado um acordo de confidencialidade, que o obriga a nada revelar do que sabe, com o facto dado como suficiente da restituição ao Estado angolano de cerca de 2,5 mil milhões USD, que era a parte do FSDEA que estava sob gestão da Quantum Global, embora não tenha sido alguma vez, ao longo deste intrincado processo, admitida a possibilidade de essa verba estar em risco de ser perdida para o país.