Conforme a denúncia do Ministério Público, os três condenados, identificados por Domingos Fonseca, Manuel Faustino e Nelson Sebastião, faziam parte de um grupo que se dedicava a realizar assaltos à mão armada em várias artérias da capital, sendo que, no dia 3 de Maio de 2017, efectuaram um assalto a uma agência do Banco BIC, no Morro Bento, na conhecida Rua da "Jonce", de onde subtraíram 1,6 milhões de Kwanzas e outros bens.

Na sentença de hoje, o juiz da 7.ª secção da sala dos crimes comuns, do Tribunal Provincial de Luanda, Artur Chissungo, condenou os réus Domingos Fonseca (Edy), Manuel Faustino (Líder) e Nelson Sebastião (Monga) a 16 anos de prisão maior e ao pagamento de 70.000 kz de taxa de justiça e uma indemnização de 2.000.000 de kwanzas ao banco BIC pelos prejuízos causados.

Na mesma sentença, e por insuficiência de provas, o juiz Artur Chissungo determinou a absolvição do réu Gerson Tavares, este último, à data dos factos, tesoureiro na agência assaltada, acusado por um dos réus de ter passado todas as informações indispensáveis para o assalto ao banco, coisa que não se confirmou durante o julgamento.

O arguido Gerson Tavares sempre negou o seu envolvimento. Entretanto, conta o Juiz, que o réu Domingos Fonseca (Edy), na fase de instrução do processo, foi quem referiu o nome de ex-tesoureiro, facto que motivou a sua detenção.

"Os outros réus afirmaram nunca ter conhecido Gerson Tavares e durante o julgamento todos os réus, incluindo o Domingos Fonseca (Edy), afirmaram não conhecer o ex-tesoureiro e que o mesmo não ter participou dos factos", disse o magistrado.

"Estou aqui para reparar o erro. Estou arrependido por tê-lo trazido a julgamento, não conheço o co-réu Gerson Tavares", afirmou Domingos Fonseca (Edy), diante do tribunal.

De salientar que o Ministério Público também pediu a absolvição, argumentando que existiu fragilidade de prova, facto confirmado hoje pela sentença.

Gerson Tavares, em declarações ao NJOnline, disse que desde o princípio esteve sempre com a consciência tranquila.

"Foi uma acusação de má-fé do individuo e, graças a Deus, o mesmo, diante do tribunal, esclareceu tudo. Ele apontou-me e fiquei detido seis meses", disse Gerson acrescentando: "Deixei de trabalhar e espero que isso se clarifique e que volte ao meu trabalho de forma normal", afirmou.

Conta-se que os assaltantes roubaram duas viaturas e partiram, na manhã do dia 3 de Maio, para a acção, com três armas de fogo, sendo duas AKM e uma pistola de marca Makarof.

Primeiro, imobilizaram o guarda da porta frontal, que estava desarmado e transportava apenas o detector de metal, tendo-o obrigado a entrar no banco.

O segundo guarda, embora estando armado, foi surpreendido na parte lateral do banco por outros comparsas que o neutralizaram.

Estando no interior do banco, de armas em punho, anunciaram o assalto.

"Todo o mundo no chão"

Rapidamente recolheram telefones dos clientes e funcionários, cartões multicaixa e dinheiro.

Depois de os assaltantes abandonarem o banco, um dos clientes dirigiu-se à esquadra vizinha para participar a ocorrência, quando no percurso reconheceu uma das viaturas usadas no assalto e avisou a polícia que conseguiu logo capturar o agora condenado Manuel Faustino, também conhecido por "Líder", desertor das Forças Armadas Angolanas (FAA).

Importa realçar que, até ao momento, 1.600.000 Kwanzas, bem como os pertences dos clientes e funcionários roubados, não foram recuperados