Os "kupapatas" ou, como também são conhecidos, moto-taxistas, quase sempre jovens rapazes que encontraram neste meio um modo de subsistência, nos últimos meses têm aumentado em toda a cidade e são cada vez mais a oferecer os seus serviços, mesmo na baixa de Luanda, devido ao aumento da procura por clientes que precisam de escapar aos constrangimentos do caótico trânsito da capital.

Segundo o que o NJOnline conseguiu apurar junto de fonte oficial do SIC-Geral, até Domingo,9, houve 29 mortes confirmadas em diversos pontos da cidade de Luanda, tendo os moto-taxistas sido todos vítimas de assalto concorrido com roubo e os assassinatos praticados com recurso a arma de fogo.

A fonte do SIC, que solicitou o anonimato, disse que há duas soluções para reduzir estes ataques: "Mais policiamento em todos os horários nas ruas de Luanda e desarmar a população com urgência, porque existem muitos jovens com armas de fogo em sua posse".

O SIC fez saber ainda que o último caso ocorreu no Domingo, no Cazenga, quando um cidadão de 26 anos foi baleado mortalmente para lhe roubarem a motorizada.

"O jovem foi executado em plena via pública e à luz do dia, a situação está a tornar-se alarmante porque os números são bastante assustadores", declarou, acrescentando que as motos roubadas são comercializadas em diversas provinciais do País.

"Na sua maioria, as motorizadas roubadas em Luanda são vendidas nas províncias de Benguela, Huambo, Malanje, Uíge e Bengo. O SIC está atento a estas situações e temos procurado dar a nossa resposta a estes malfeitores que têm ceifado muitas vidas", enfatizou.

Perante este cenário, o NJOnline saiu à rua e ouviu a opinião de alguns moto-taxistas que têm enfrentado esta triste realidade no seu dia-dia.

Alexandre Bumba, de 30 anos, moto-taxista há cinco anos, disse que todos os moto-taxistas em Luanda estão à mercê dos marginais e apenas "dependendo da protecção de Deus".

"Este tem sido um dos piores anos da última década, vivemos na insegurança quase todos os dias que saímos à rua para trabalhar, e temo-nos deparado com casos de homicídios envolvendo os nossos colegas", lamentou.

Alexandre Bumba disse ainda que o primeiro caso de roubo de moto seguido de homicídio de que teve conhecimento foi no bairro Kassequel do Buraco.

"O meu colega foi assassinado depois de lhe terem roubado a moto no bairro Kassequel do Buraco", afirmou, revelando que também já foi vítima de assalto mas não foi alvejado porque fugiu quando os assaltantes se preparavam para fazer os disparos.

"Os assaltantes apareceram com uma AKM-47 de cano cortado e ficaram-me com a moto no bairro Popular em plena luz do dia, eles (os assaltantes) empunharam a arma para me matar e efectuaram dois disparos contra mim, graças a Deus não fui atingido porque saí a correr pelas ruas", lembrou.

Bruno Celestino, de 27 anos, moto-taxista há mais de quatro anos, revelou ao NJOnline que assistiu, na tarde desta segunda-feira,11, a um assalto ao seu colega na Av. Deolinda Rodrigues, vulgo estrada de Catete, por dois indivíduos que aparentam ter cerca de 50 anos, que apareceram numa carrinha Toyota Hilux, cabine dupla, munidos de duas pistolas do tipo Jericho.

"Os dois homens simularam um acidente com o meu colega. Durante a conversa começaram a complicar a situação e tiraram as pistolas do interior da viatura, e, logo em seguida, meteram a moto do jovem em cima da viatura. E antes de os senhores subirem para a carrinha disseram-nos que quem os seguisse seria um homem morto", explicou, salientando que uma situação do género aconteceu com o seu primo, que foi assassinado com três tiros na cabeça em Fevereiro deste ano, no município do Sambizanga.

"Desde aquela data as autoridades policiais prometeram encontrar os assassinos do meu primo, mas nada foi feito até agora", aponta, acrescentando que para além do caso do seu colega, também assistiu a uma execução concorrida com roubo da motoriza na zona do Golf 2, no município do Kilamba-Kiaxi, no mês de Maio deste ano.

Hélder Varela, novo nas estradas da baixa de Luanda em serviço de moto-táxi, disse que nunca assistiu a nenhum assalto a moto-taxistas, mas garantiu que ouviu muitos casos de jovens que foram assassinados durante o exercício das suas funções como moto-taxistas em vários pontos da cidade de Luanda.

"Pelas histórias que tenho escutando nas rádios, televisão e jornais ou nos pontos de táxi, fico com medo que aconteça comigo, por essa razão não faço este trabalho no período nocturno", afirmou, sublinhando que tem optado por trabalhar das 06:00 às 14:00, mas só na baixa de Luanda, porque aí os assaltos não são muito frequentes.

De recordar que após o assassinato do jovem de 26 anos no Cazenga, o SIC-Luanda e a Polícia Nacional realizaram buscas em diversos pontos do Cazenga e detiveram 38 cidadãos suspeitos de envolvimento em várias práticas de crimes do foro comum. Nessa rusga foram ainda apreendidas cinco armas de fogo, ferramentas de utilidade doméstica e artefactos usados para a realização de crimes.