Esta foi a terceira vez em três anos que o edifício deu sinais de fragilidade, com tremores que assustaram as centenas de pessoas que ocupam os apartamentos nos seus quatro pisos, gerando o pânico.

A razão para o prédio abanar é, segundo explicou ao Novo Jornal Online o administrador adjunto para os serviços técnicos da Maianga, Pedro Calunga, a concentração de águas residuais nas caves do edifício que fragilizam os alicerces.

"A equipa do corpo de bombeiros da área de avaliação fez uma investigação no edifício e constatou que o prédio tem algumas fissuras devido ao tempo de uso e ao mau estado do saneamento básico na cave", adiantou.

Pedro Calunga afirmou ainda que o distrito da Maianga nunca viveu situação deste género, e que, "por essa razão, foi comunicado aos peritos ligados ao Laboratório de Engenharia para avaliarem o estado do edifício".

O administrador salientou que algumas residências foram construídas por cima dos colectores e dificultou a passagem das águas dos esgotos dos edifícios mais antigos, como é o caso deste, cuja construção remonta à década de 1960.

"Devido às construções anárquicas na zona, a maioria dos esgotos ficaram entupidos. Por isso fizemos o primeiro levantamento com os especialistas da equipa de gestão e saneamento de Luanda e só depois de termos o diagnóstico concluído é que iremos anunciar qual é a vida útil deste edifício", assegurou.

O administrador disse ainda que a administração vai entrar em contacto com o Governo Provincial de Luanda (GPL) para alojarem os moradores em outro lugar enquanto estiver a decorrer os estudos de planificação do edifício. Mas, para já, ficam no prédio, apesar dos riscos.

"Ainda não temos um lugar certo para transferir estes moradores. Vamos contactar o GPL e só depois é que teremos uma solução credível para alojar os moradores", informou.

Todavia, por causa do risco evidente, como verificou o Novo Jornal Online no local, alguns moradores já conseguiram mudar de habitação pelos seus próprios meios.

Verónica dos Santos, moradora do prédio há mais de trinta anos, disse ao Novo Jornal Online que está é a terceira vez que os habitantes sentem este tremor.

"Isso aconteceu por volta das 03:00 de hoje, ninguém conseguiu dormir depois desta situação. Os que tem outras residências já abandonaram o edifício há bastante tempo porque é a terceira vez que vivemos este cenário de medo", disse.

Já outro morador que não quis se identificar, afirmou que perderam a conta das reclamações feitas na administração da Maianga.

"Durante as duas vezes anteriores que o prédio tremeu, demos a conhecer à administração. A comissão de moradores já enviou diversas cartas ao antigo administrador a reportar o pavor que vivemos aqui, mas infelizmente não surtiu efeito", lamentou.