Apenas seis províncias do país fazem parte da Rede Integrada de Serviços de Saúde Mental - nomeadamente Luanda, Cabinda, Benguela, Huíla, Malanje e Huambo -, limitando a capacidade de resposta nacional nesta área.

"Não temos serviços disponíveis em toda a extensão de unidades hospitalares", reconhece a coordenadora nacional do Programa de Saúde Mental e Abusos de Substâncias de Angola, Massoxi Vigário.

Falando aos jornalistas à margem da 5.ª Conferência Nacional sobre Saúde Mental em Angola, realizada esta quarta-feira, 10, em Luanda, a responsável ressalvou que, apesar das insuficiências, nos últimos cinco anos o país tem assistido à expansão da cobertura dos serviços ao nível das unidades sanitárias.

"É importante termos serviços disponíveis na rede primária que são os cuidados primários de saúde", sublinha Massoxi Vigário.

Reportando-se às estatísticas da saúde mental em Angola, a coordenadora nacional referiu que a Rede Integrada de Serviços de Saúde Mental registou, nos últimos quatro anos, "cerca de 60.000 casos em acompanhamento", dos quais mais de 90% afectam a juventude, especialmente permeável ao abuso de drogas.

Para além de alertar para os consumos de substâncias psicoactivas, a responsável chama a atenção para uma nova ameaça: as novas tecnologias.

"Este ano, a preocupação é maior ainda, porque traz-nos em alerta esta questão da mudança global que está intrinsecamente ligada ao uso das tecnologias, às redes socais, hoje considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um vício digital".

Segundo a também médica e psicóloga clínica, Angola já tem casos associados aos transtornos de uso abusivo da internet ou vício das redes sociais, na sua maioria envolvendo jovens.

"Já assistimos no país, a nível dos serviços, casos não com uma proporção alargada porque também se calhar faltou-nos essa atenção para esta questão de que o uso das redes sociais também constitui uma preocupação de saúde", explicou, apontando a"ansiedade, a depressão, a baixa auto-estima e o isolamento" como efeitos dessa utilização excessiva.