Pedro Sebastião Teta, coordenador em fim de mandato da Rede Nacional de Mediatecas do país, disse, ontem, 13, em conferência de imprensa, que as acusações de desvio de 53 computadores, três viaturas de apoio, material de limpeza, mesas e diversos livros e documentos, feitas pelos funcionários, são falsas.

"Esses computadores não foram roubados, alguns estão na sala da mediateca de Luanda e outros voltaram para o armazém central, porque essas salas são multifuncionais, se houver necessidade de formação no Huambo, os computadores serão transferidos para Huambo, e depois regressam. A saída de computadores e equipamentos é feita com base em requisições internas e temos todos os registos, ninguém levou nada daqui", garantiu.

"A empresa de jardinagem fez serviços aqui e na Mediateca de Luanda, portanto é normal que levem os equipamentos daqui quando têm de fazer um trabalho em outro local. É um mal-entendido, algo montado que não tem cabimento nenhum", acrescentou.

"Tenho um assessor para a segurança das mediatecas e não recebi nenhum relatório da empresa de segurança que houve um assalto", afirmou.

Pedro Sebastião Teta disse ainda que já solicitou à tutela a abertura de um inquérito para se apurar de forma clara o que se passou.

Já pedi à tutela que se faça um inquérito aprofundado. E a mediateca "Zé Dú" ficará encerrada ao público até que se apresentem os resultados desse inquérito", salientou, sem, no entanto, adiantar qualquer data.

"Fomos informados através da comunicação social sobre o suposto desvio de equipamento, com acusações à direcção cessante. O único que cessa mandato sou eu, os directores são nomeados por decreto publicado em Diário da República", declarou.

O responsável pela gestão das mediatecas diz haver uma mão invisível que quer manchar o seu nome, o do ministro, e o do secretário de Estado.

"Alguma coisa está mal contada. E com isto estamos a destruir o projecto por irresponsabilidade, estamos a perder a confiança dos fornecedores e dos parceiros doadores", referiu, acrescentando: "Tudo é uma cabala montada por pessoas de má-fé, com interesses inconfessos. Infelizmente, vivemos numa época em que a única forma dos medíocres sobressaírem é denegrindo os competentes".

Funcionários desmentem coordenação

Em reacções às declarações do coordenador da rede de mediatecas de Angola, os funcionários da mediateca "Zé Dú" negam que seja essa a verdade dos factos.

Janhan Matos, administrador da "Mediateca Zé Dú", disse que na passada quinta-feira, dia 7, os trabalhadores foram dispensados às 17:00, ao contrário do que é normal.

"Eles chegaram de noite e tiraram os materiais. No dia seguinte, encontro a mediateca sem materiais e fui informado de que a directora os levou", disse, acrescentado que os seguranças que trabalharam no dia do desvio já foram expulsos e substituídos.

Inácio Morais, um dos muitos funcionários, disse ao Novo Jornal Online que a direcção esperou que os utilizadores da mediateca saíssem, e assegura que ele mesmo viu alguns elemento da direcção com caixas seladas, livros, computadores e materiais de limpeza.

A rede de mediatecas tem um conjunto de equipamentos à altura de responder à formação em qualquer mediateca a nível do país, não é necessário levar os equipamentos de um sítio para o outro. Não é verdade o que foi dito".

"Eles acusam-nos de difamação contra a empresa, mas não é verdade, querem jogar a culpa sobre nós por falarmos a verdade", disse Rita Mendes, também funcionária.

Alguns trabalhadores disseram ainda ao Novo Jornal Online que "o coordenador Pedro Teta quer salvar a pele da directora da mediateca "Zé Dú", Solange Cassongo, por ser sua esposa".

A Mediateca "Zé Dú", no Cazenga, ocupa uma extensão de 15 mil metros, recebe mais de 600 utilizadores por dia, e foi inaugurada em Agosto do ano passado, numa homenagem ao impulsionador e promotor do Projecto da Rede de Mediatecas de Angola, José Eduardo dos Santos.