Governantes, amigos, colegas, familiares, admiradores e anónimos (em grande número) estiveram hoje, no Cemitério da Santa Ana, em Luanda, para o último adeus ao ex-internacional angolano, de 37 anos.

Desde as primeiras horas desta quinta-feira, milhares de pessoas foram-se concentrando nas proximidades do Velório Provincial do Governo Provincial de Luanda, para acompanharem de perto o funeral do ex-futebolista, que se destacou no Petro, Sagrada Esperança, Santos FC e Recreativo do Libolo.

"Sempre connosco, o Chinho está sempre connosco, tricolor, descansa em paz", foi a canção que milhares de adeptos do futebol, sobretudo do Petro de Luanda, perfilados, entoavam à porta do cemitério onde aguardavam pela urna.

Na hora do adeus, o antigo futebolista do Petro de Luanda e dos Palancas Negras, Aurélio de Sousa, em nome representação dos futebolistas angolanos, leu o elogio fúnebre.

"Nós, classe desportista, inequivocamente assumimos que ainda tínhamos muito para aprender contigo, dentro e fora das quatro linhas, mesmo quando sabias que que tudo estava mal, optavas como filosofia de vida a alegria. Quem contigo teve o privilégio de partilhar bons momentos vai ficar com a inesquecível lembrança dos bons momentos. Adeus, nossa camisola sete ", disse Aurélio de Sousa.

Do Petro de Luanda também houve uma mensagem. Tomás Feria, presidente de direcção dos "tricolores", clube onde Chinho se destacou nas lides do futebol, precisou que o ex-futebolista fez parte da família do Petro durante muitos anos, onde conquistou o Campeonato de Futebol (Girabola) em 2000 e 2001, bem como a Taça de Angola e da Supertaça.

"Queremos dizer que, para nós, o Chinho nunca desaparecerá, pois os seus feitos ficarão para sempre na história do Petro de Luanda", disse Tomás Faria.

Já os familiares de João dos Santos de Almeida "Chinho, consideraram o ex-craque dos Palancas Negras como uma verdadeira estrela.

"Uma estrela nunca deixa de brilhar mesmo que seja arrancada de lugar. O Chinho não morreu, o Chinho foi morto, o Chinho está presente", disseram os familiares, que pedem justiça.

Entretanto, antes de a urna descer à sepultura, os familiares mostraram aos presentes, sobretudo à comunicação social, um áudio onde o ex-atleta fala sobre perdão, mensagem que foi partilhada no passado domingo, 7, pelo próprio atleta, num grupo familiar no whatsapp.

"Devemos saber que o nosso coração é o nosso maior templo, devemos agradecer pela transição do dia e pedir o perdão e saber perdoar. Depois é que devemos pedir a benção para que Deus proteja a nossas famílias e os nossos passos. É assim o ordenamento em termos de oração. Amo vocês", disse Chinho na gravação.

Mensagem dos ex-colegas

O internacional Locó, visivelmente desgostoso, disse que Chinho foi o seu capitão na selecção angolana e que privaram muito.

" O futebol perde uma grande peça, Chinho ainda tinha muito que emprestar ao futebol angolano, tal como aprendeu", disse Locó.

Já Miloy, antigo jogador do Interclube de Angola e do Santos FC, onde jogou com Chinho, disse ao NjOnline que espera que as autoridades competentes encontrem os malfeitores para que se faça justiça desta perda irreparável no futebol.

Lebo-Lebo, outro colega de Chinho, disse que Chinho foi um irmão para ele, fruto dos bons momentos que partilharam em clubes como o Petro, a Sagrada e o Libolo.

Zé Kalanga, antiga estrela do futebol, do Petro de Luanda e da Selecção, recordou que Chinho foi um grande capitão na seleção olímpica e que sempre os encorajou nos momentos de aflição.

"Era um grande homem, não tenho palavras para descrever a sua dimensão. Paz à sua alma", disse o craque que brilhou na Europa.

João dos Santos Almeida "Chinho" começou a sua carreira futebolista no desportivo da Nocal, destacou-se no Petro de Luanda, jogou no Sagrada Esperança da Lunda-Norte, Santos FC e Recreativo do Libolo onde terminou a carreira.

Passou pelas selecções de sub-16, 17, 20 e honras. Uma lesão afastou-o da Selecção de sub-20 que foi campeã africana na Etiópia, em 2001, mas teve a sorte de ir ao mundial de sub- 20, na Argentina, no mesmo ano.