Face a esta situação, o porta-voz do Comando Geral da Polícia Nacional, subcomissário Orlando Bernardo, pediu aos jornalistas para que, nas próximas situações semelhantes, tenham o cuidado de não mostrar as caras dos indivíduos apresentados enquanto suspeitos.

Durante o encontro que hoje teve lugar, o subcomissário garantiu que o Serviço de Investigação Criminal (SIC) vai continuar a fazer as apresentações de supostos marginais, mas será de forma diferente, para que as identidades dos suspeitos não sejam expostas nos órgãos de comunicação antes de julgados.

"Não vou citar nomes, mas tenho a plena certeza que certos órgãos não comprem com as regras básicas e a ética do jornalismo", aponta.

O responsável defendeu a necessidade dos órgãos de comunicação trabalharem mais com a PN, no sentido de não existirem situações do género.

"Queremos que os vossos órgãos sejam mais participativos nas actividades policiais. Na minha modesta opinião, não quero que as apresentações de supostos marginais à imprensa sejam interrompidas, isso não vai acontecer, mas os jornalistas devem cumprir o que está escrito na lei", esclareceu.

Por sua vez, a directora do Gabinete do Institucional e Imprensa do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, intendente Engrácia da Costa, explicou ao Novo Jornal Online que o Ministério do Interior sentiu necessidade de se sentar com os jornalistas para melhor compreenderem o que diz a lei de imprensa e de forma a encontrar a melhor maneira de cumprir com os requisitos do Ministério Público.

"Tivemos que manter este encontro no sentido de arranjarmos uma forma para fazermos apresentação de resultados sem prejudicar os jornalistas, a polícia e sem ferir aquilo que é pedido pelo Ministério Público", disse Engrácia Costa.

Acrescentou que o Gabinete Institucional e Imprensa do Comando Provincial de Luanda da PN tem advertido os órgãos de comunicação social "a respeitarem o que diz a lei de imprensa".

"Muitos jornalistas com pressa de divulgar a notícia acabam por não respeitar certos princípios básicos de jornalismo", lamenta.

Já o Secretário-Geral do Sindicato de Jornalistas Angolanos (SJA), Teixeira Cândido, em declarações ao Novo Jornal Online, defendeu a posição do MP, mas deixou bem claro que vai notificar a Procuradoria-Geral da República para que os mesmos sejam mais abertos com os jornalistas no que diz respeito a casos ligados ao crime.

"Os jornalistas devem respeitar o que a lei diz, não devemos nos esquecer que existe presunção de inocência, por essa razão não podemos mostrar os rostos dos supostos marginais enquanto o processo estiver em curso", explica, sublinhando que a PGR vai ser abordada pelo SJA no sentido de serem mas abertos em casos ligado ao crime.

"A PGR deve dar mais atenção aos jornalistas. Há certos casos que os jornalistas acompanham enquanto estão na posse do SIC, mas depois dos mesmos serem entregues ao MP, o jornalista deixa de ter acesso ao caso porque deixa de lhe ser facultada informação", afirmou.