Maria de Almeida e o marido Pedro Teca, dois peregrinos contaram ao NJOnline que foram a este "lugar santo", para agradecer o nascimento do seu primeiro filho numa idade me que são raros os casos de gravidez bem-sucedida.

"No ano antepassado pedi à Mama Muxima para ter um filho e, graças a Deus, agora tenho um menino que nasceu bem apesar de eu já ter 47 anos de idade. Dou louvores ao senhor", expôs satisfeita Maria de Almeida.

Já habituado a peregrinar, Santos Pedro, outro peregrino, confessou ter gostado muito de estar novamente na Muxima. "Sempre que estou aqui fico fortalecido. O santuário é minha casa", resumiu.

Vendedores ambulantes aproveitaram para comercializar os seus produtos, visto que os fiéis compram sempre alguma recordação, nomeadamente panos ou camisolas estampadas com a imagens e dizeres religiosos, como " Mama Muxima regai por nós" ou "Mama Muxima liberta a nossa família".

"Mama Muxima deu-me a sorte de vender 40 panos e 20 camisolas, o que não consigo fazer em dois dias em Luanda", agradece Mateus Panda, vendedor ambulante.

Quem também facturou com a peregrinação foi a jovem Júlia de Carvalho. Segundo ela, durante os dois dias teve lucros de 98 000 kwanzas na venda de alimentação.

"Gostaria que mensalmente houvesse peregrinação. A Mama Muxima abençoou-me para ganhar este dinheiro", confessa a jovem de 26 anos de idade.

Na área do santuário, as autoridades não permitiram a entrada de bebidas alcoólicas. "Foram dois dias de orações, por isso não permitimos a entrada de bebidas alcoólicas para evitarmos problemas", explicou ao NJOnline fonte da PN.

Carlitos Toco, vindo da província do Zaire, esteve este ano pela primeira vez no santuário da Muxima. "É uma maravilha estar aqui. Muxima é centro de unidade. Vim aqui para pedir a sorte de ter um emprego", referiu.

Já o a anciã Josefina Coelho, emocionada, confessou que estar na Muxima é uma bênção. "Vim agradecer à Mama Muxima por aquilo que recebemos e fizemos diariamente. Gostei de participar em todas as missas que aqui aconteceram", frisou.

Para Francisco Mussunda, vindo da província de Cabinda, que numa deslocação em busca de bênção para toda a família, Muxima "é lugar de paz e amor".

O reformado Samuel Nito considera Mama Muxima, a mãe de todos angolanos. "Vim para pedir a saúde da minha família", disse.

Apoio logístico, segurança e saúde

Para esta edição da peregrinação foram mobilizados 20 médicos, 50 enfermeiros e 10 ambulâncias.

Durante a peregrinação, os responsáveis de saúde aproveitaram a oportunidade para realizarem uma campanha de vacinação contra sarampo e mais de quatro mil pessoas foram assistidas com patologias diversas pelos serviços de emergência.

"Não houve problemas graves com os peregrinos", disse à nossa reportagem um dos enfermeiros de serviço, Mateus Paulo.

Segundo o administrador municipal da Kissama, Vicente Soares, a protecção da peregrinação foi garantida por mais de dois mil efectivos, entre Forças Armadas (FAA), Polícia Nacional e bombeiros.

"Foi uma das peregrinações mas tranquila que tivemos", acrescentou o administrador municipal.

A Igreja e Muxima

Ao NJOline, o bispo da diocese de Viana, Dom Joaquim Ferreira Lopes, disse que, o grande objectivo desta peregrinação é oferecer às pessoas uma experiência de fé e de oração, pela reconciliação pessoal, familiar e social.

"Muxima é lugar santo. Aqui toda a gente é família. O povo deste município recebe os peregrinos com amor e carinho", acrescentou o bispo, salientando que os dois dias de peregrinação "serviram para os devotos se reencontrarem, viverem os bons momentos e conversarem sobre os feitos das bênçãos recebidas".

Dom Joaquim Ferreira Lopes desejou bom regresso aos mais de 400 mil peregrinos e manifestou o desejo de que todos passem momentos de profundo reflexão espiritual.

A jornada que foi composta por celebrações litúrgicas, penitência e peregrinação de velas, visou incentivar a vocação para o sacerdócio e contou com as abordagens sobre o sínodo arquidiocesano, eucaristia e juventude.

Durante a missa dominical, o momento alto da peregrinação, Dom Joaquim Ferreira Lopes apelou aos presentes a combaterem o conformismo, sendo criativos, dinâmicos, revoltosos com o mal e resolvendo os problemas de forma colectiva.

O bispo de São Tomé, Dom Manuel António Mendez dos Santos, prelado convidado este ano, a quem coube encerrar as festividades, exortou aos jovens a "não terem medo de aceitarem a palavra de Deus para que tenham harmonia nos lares, deixem as drogas e a delinquência e outros males que prejudicam a sociedade".

O prelado fez esta afirmação durante a homilia de encerramento da peregrinação ao santuário de Nossa Senhora da Muxima, que decorreu Sábado e Domingo.

Dezenas de estrangeiros, na maioria residentes em Angola, estiveram no local para agradecer, pedir e prestar devoção nesta Igreja da Muxima.

A brasileira Tânia de Jesus, que vive em Angola há três anos, gostou de estar presente no santuário da Muxima.

"É uma alegria estar aqui num lugar de paz e justiça", referiu Tânia de Jesus que visita o local pela segunda vez.

A portuguesa Laura José, em angola há 10 anos, todos anos frequenta o santuário da Muxima. Este ano veio acompanhado com o marido e a filha de seis anos.

"É uma alegria estar neste lugar de paz e amor. Enquanto eu permanecer em Angola continuarei a visitar este santuário", disse.