O desespero dos funcionários da Empresa Nacional de Pontes saiu à rua este sábado, sob a forma de cartazes. "Socorro, estamos a morrer", lia-se de um lado, "Pedimos ajuda do senhor Presidente da República e à sociedade em geral", lia-se do outro.

Os "gritos" ecoaram num protesto organizado pela Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), que partiu do largo do cemitério da Santa Ana e terminou no Largo das Escolas.

"Para nós, cujos esposos não trabalham, estamos a sobreviver, muitos filhos não estudam por falta de condições e não há meios para nos sustentarmos", contou à agência Lusa Lurdes Narciso, funcionária de 58 anos que viu a sua aposentadoria "voar".

"Esperava uma reforma, porque já ultrapassei os 35 anos de serviço, mas não posso ir para a reforma porque a empresa não pagou os impostos na segurança social", lamentou.

"Isso é desumano, não pode ser. Queremos mesmo que o Presidente João Lourenço olhe para o nosso caso", apelou Lurdes, uma das manifestantes da marcha promovida pela CGSILA.

O repto da funcionária repetiu-se na leitura da "Declaração da Marcha", feita pelo 1.º secretário da comissão sindical da empresa estatal, Mateus Alberto Muanza.

"Neste contexto, face à nossa situação, exortamos o Presidente da República, como Chefe do Executivo, a intervir de forma urgente e rever esta situação que está a acontecer na Empresa Nacional de Pontes", disse o responsável, sublinhando que os trabalhadores já endereçaram cartas ao Presidente da República e outras entidades oficiais do país. Todas sem resposta.