O agravamento do cenário de dificuldades alimentares que as crianças destas quatro províncias angolanas estão a atravessar, segundo o UNOCHA, resulta de um conjunto de factores, com destaque para a crise económica que o país atravessa, o aumento do preço dos bens alimentares básicos e a agudização da falta de chuva que levou a um decréscimo da produção agrícola local.

Em agravamento, está igualmente o já denunciado problema da falta de acesso a água potável para mais de 700 mil pessoas no sul do país.

Este gabinete da ONU, especializado no controlo e resposta a situações de crise humanitária, alerta ainda para o esperado, com a chegada da época das chuvas, aumento de problemas relacionados com os surtos de cólera que afectaram nos últimos meses três províncias em Angola, Luanda, Cabinda e Zaire, e ainda para a necessidade de acções de prevenção face à epidemia de Ébola na vizinha República Democrática do Congo (RDC), no leste do país, que, desde o início de Agosto, já vez quase 100 mortos.

Na vasta lista de actividades fomentadas e financiadas por agências da OMNU em Angola como resposta a situações de emergência, o UNOCHA destaca o papel do UNICEF na procura de criar capacidade de resposta ao nível dos serviços básicos, que permitam fazer a transição de um cenário de actuação de ajuda urgente para a condição de país com programas activos de desenvolvimento.

Dentro desta "estratégia humanitária", a ONU aponta a disponibilização de vacinas para suster surtos como os de cólera, garantir stocks básicos de medicamentos nas unidades de saúde e alimentos para situações de emergência alimentar, em colaboração com o Governo, abrangendo ainda a questão dos refugiados congoleses na Lunda Norte.

Mas a UNICEF, por exemplo, segundo este gabinete das Nações Unidas, lamenta que até Junho de 2018, tenha tido apenas acesso a 2,9 milhões de dólares quando o objectivo era o de atingir 13,1 milhões, salientando os problemas acrescidos enfrentados pela falta de financiamento, como foi o caso da incapacidade para registar mais de 42 mil crianças escrutinadas com malnutrição e "apenas" foi conseguido admitir em centros de tratamento 9 840 crianças com malnutrição severa.