Em declarações à Rádio Nacional, o subprocurador-geral da República adianta que os investigados geralmente fazem "um pacto de silêncio" e, mesmo sendo constituídos arguidos e condenados, "preferem ficar na cadeia do que efectivamente denunciar outras pessoas, que de alguma maneira estão ligadas ao crime".

João Coelho acrescenta que mesmo havendo "suspeita de que há mais alguém envolvido, de um nível superior, não se chega ali, porque os documentos muitas vezes não são encontrados e porque há um pacto de silêncio".

O responsável explica que depois de investigadas as pessoas que constam numa denúncia, as autoridades avançam para uma segunda fase, de investigação criminal, na qual as pessoas são livres de revelar ou ocultar com quem participaram nessa acção criminosa.

À falta de provas, o subprocurador-geral sublinha que os investigadores só podem ir até onde o cidadão disser.

"Quer dizer, ele vai ficar oito ou dez anos na cadeia, mas prefere ficar na cadeia do que efectivamente denunciar outras pessoas, que de alguma maneira estão ligadas ao crime", reforçou João Coelho, em declarações citadas pela agência Lusa.

Ainda sobre os constrangimentos no combate à corrupção, o responsável alerta para as limitações da direcção nacional de Combate à Corrupção da Procuradoria-Geral da República, composta por "apenas quatro magistrados".

Para João Coelho, Angola precisa de "estrutura maior, com uma direcção grande, onde estariam procuradores, eventualmente, e peritos de contabilidade, serviços de inteligência, com algum poder, que poderiam efectivamente dar uma outra visão, dimensão ao combate à corrupção" no país.