Nos primeiros dez meses deste ano, as autoridades sanitárias do país registaram a ocorrência de 59.442 casos de tuberculose, uma média de 196 casos por dia. Os números foram avançados pelo coordenador do Programa Nacional de Combate à Tuberculose (PNCT), Ambrósio Disadidi, em declarações ao Novo Jornal.

"Os dados ainda são provisórios. Há províncias que ainda não forneceram os dados", explica, sem avançar de que províncias se trata e quantas mortes foram registadas no período em referência.

A luta contra a tuberculose é uma das prioridades de saúde pública no país. A doença é, desde 2015, a terceira maior causa de mortes no país, atrás apenas da malária e dos acidentes rodoviários.

Nos últimos anos, tem crescido o número de mortes por tuberculose no país. Entre 2013 e 2017, por exemplo, a média foi de 1.300 óbitos, tendo passado para quase 1.500 em 2018, ano em que o número de infecções disparou para 70.362 contra os 57.887 de 2017.

Dos 59.442 casos registados neste ano, 6.837 (cerca de 12%) foram em crianças menores de 15 anos.

No país, das cerca de duas mil unidades sanitárias existentes, apenas 133 fazem diagnósticos e tratamento da doença. O quadro preocupa Ambrósio Disadidi, que pretende ver alterada a situação, defendendo a expansão dos serviços a todas unidades do território nacional, que actualmente dispõe de três sanatórios e nove dispensários para o tratamento da tuberculose.

"Onde há médicos e medicamentos deve-se fazer o diagnóstico e tratamento da tuberculose", defende.

Para o coordenador, é necessário que o tratamento esteja perto dos pacientes, de modo a evitar que estes percorram longas distâncias. Anualmente, cerca da metade de doentes abandona os tratamentos, muitas vezes, devido à distância entre a zona de residência e a unidade hospitalar. A taxa de abandono neste ano já está em 25%.

Os casos de tuberculose multirresistente têm vindo a aumentar consideravelmente.

Só no passado foram notificados 649 casos. Neste ano, em dez meses, já vai em 1.205. Por outro lado, de acordo com Ambrósio Disadidi, também tem crescido o número de pacientes co-infectados com o vírus do VIH/Sida.

(Leia este artigo na íntegra na edição semanal do Novo Jornal, nas bancas, ou através de assinatura digital, disponível aqui https://leitor.novavaga.co.ao e pagável no Multicaixa)