No decurso das investigações, que começaram logo no início de Agosto, com a destruição das primeiras viaturas, a Polícia Nacional deteve quatro suspeitos, mas a conclusão do trabalho da polícia só terminará quando forem detidos os mandantes destes crimes, disse ao NJOnline o porta-voz da Polícia Nacional da província do Kwanza Norte, sub-inspector Edgar Salvador.

Esta vaga de fogo incidiu essencialmente sobre viaturas de agentes da PN e do Serviço de Investigação Criminal (SIC), mas também de outros funcionários públicos, como, entre outros, professores, tendo, até ao momento, destruído cerca de 40 veículos na via pública bem como alguns equipamentos públicos, como escolas e material da rede eléctrica nacional.

O sub-inspector Edgar Salvador disse hoje ao NJOnline que os responsáveis pela investigação estão convictos que por detrás desta vaga de crimes estão um ou mais mandantes que contratam alguns jovens - quatro deles estão já detidos - para executar o "serviço" a troco de dinheiro.

As suspeitas da polícia resultam do facto de os quatro jovens que foram detidos em flagrante no mês de Agosto deste ano terem confessado em depoimento que "participaram do crime por causa de dinheiro", disse o oficial, sublinhando que um dos detidos disse que existe um mandante.

Para além da denominada Operação Fogo Posto, que incide sobre estes crimes, que em Agosto levou um conjunto de altas patentes da PN de Luanda a Ndalatando para se inteirarem da situação, devido à gravidade do que ali se estava, e está, a passar, também a recentemente lançada Operação Resgate, com a qual a PN pretende normalizar a sociedade angolana retirando-lhe os excessos, envolve o esforço da corporação do Kwanza Norte na busca dos autores morais desta vaga de queima de viaturas.

Recorde-se que os últimos carros arderam há duas semanas mas isso ocorreu após um intervalo de quase dois meses sem registo de incidentes desta natureza, o que permite a possibilidade de estar de regresso este "ataque" a veículos, sendo ainda mais evidente o facto de o fogo posto ser dirigido a viaturas específicas de servidores públicos.

"Antes de ter arrancado a Operação Resgate já tínhamos em curso a Operação Fogo Posto, que só vai terminar com a detenção de todos os envolvidos. Temos conhecimento de que existe um ou dois mandantes e a Polícia Nacional e o Serviço de Investigação Criminal (SIC) estão a desencadear um trabalho árduo na província para tão logo que for possível localizar e deter os mandantes", assegurou o sub-inspector Edgar Salvador.

Já em Agosto, em declarações ao NJOnline, o porta-voz do SIC-Kwanza-Norte, Adão Morais, indicava que a PN constatatará nas investigações que desencadeou que não se tratava simplesmente dos quatro cidadãos que estão a aguardar julgamento em prisão preventiva.

"Notou-se que existe uma rede extensa composta por vários cidadãos", referiu.

Objectivo: desestabilizar o Executivo

O responsável acrescentou, na ocasião, que este fenómeno tinha começado em Abril deste ano e que já tinha destruído 36 viaturas ligeiras e pesadas, um tractor agrícola em Lucala, três escolas públicas, e duas cabines eléctricas sob tutela da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE).

A convicção dos agentes do SIC e da PN é de que estas acções visam desestabilizar o trabalho das forças de segurança e do próprio Executivo.

Convicção essa que é partilhada pelo próprio Ministério do Interior que, em comunicado, no mês passado, apontou como estando a correr um conjunto de acções criminosas com o objectivo de desestabilizar e prejudicar a imagem do Governo.