A brigada de trânsito, composta por dois homens, segundo Engrácia Costa, superintendente-chefe da Polícia Nacional, surpreendeu os assaltantes e, depois destes terem iniciado a troca de fogo, conseguiu mantê-los no local até à chegada de reforços da PN e do Serviço de Investigação Criminal, de Cacuaco.

No desfecho desta situação ficou como balanço, ainda segundo a directora de comunicação da Polícia Nacional de Luanda, a morte de dois dos assaltantes, a detenção dos restantes três e ferimentos ligeiros num dos agentes da Brigada Especial de Trânsito (BET).

Ainda de acordo com Engrácia Costa, dos dois mortos, um foi abatido pelos agentes da polícia no local e o segundo faleceu já a caminho do hospital.

Os restantes três foram detidos e aguardam as tramitações normais nestes casos, devendo ser ouvidos e posteriormente julgados pelos actos cometidos, sendo ainda de sublinhar que as autoridades policiais estão a investigar a eventual participação destes elementos noutros crimes, semelhantes ou não.

Vaga de criminalidade

Este é mais um episódio de criminalidade violenta que tem sido recorrente nas últimas semanas em Luanda, estando mesmo a gerar uma vaga de receio entre a população, cujas razões são mesmo reconhecidas pelo Ministério do Interior.

Recorde-se que nas últimas duas semanas ocorreram várias denúncias de crimes envolvendo sequestros e homicídios, sendo de destacar o duplo assassinato que envolveu uma funcionária da Endiama e antiga apresentadora da TPA, Beatriz Fernandes, e do seu companheiro, com contornos macabros e de grande crueldade.

A par desta situação, que gerou maior comoção e cobertura mediática, paralelamente surgiram notícias repetidas de assaltos.

Face a este cenário, o Ministério do Interior organizou no fim-de-semana um encontro com o Governo Provincial de Luanda e organizações da sociedade civil, para analisar a situação genérica da criminalidade.

Na ocasião, o ministro Ângelo da Veiga Tavares pediu mesmo às populações que se organizem localmente e que se empenhem na ajuda às autoridades, criando grupos de vigilância locais, para combater a criminalidade.

Não falando especificamente em milícias, o ministro, que se pronunciava durante a abertura do encontro de auscultação e concertação com a sociedade civil, sobre a segurança pública em Luanda, apelou a que os cidadãos se organizem, usando como referência as antigas Brigadas Populares de Vigilância (BPV), em cada prédio, bairro, município, para ajudar as autoridades no seu trabalho de combate ao crime.

"As pessoas que se organizem para a sua própria segurança. Se todos nós tirarmos umas horas por dia, sobretudo à noite, e criarmos um grupo de vigilância, acrescentando isso ao trabalho da polícia, podemos evitar o surgimento de muitas situações", disse no encontro que juntou no Cine Atlântico diversos actores da sociedade civil, membros das comissões de moradores, administradores municipais e distritais, efectivos dos órgãos centrais e locais da polícia.

O ministro do Interior utilizou mesmo a frase "patrulhar a zona onde moramos" para enfatizar a ideia de que a colaboração das populações é considerada essencial para colocar um ponto final no problema da criminalidade em Luanda, questão que tem sido um dos grandes problemas da capital do país nos últimos anos e que, como se pode verificar pelas recentes notícias de diversos sequestros e homicídios, está longe de ser resolvido.

Ainda neste contexto de combate à criminalidade, que foi uma das questões que o Presidente da República, João Lourenço, abordou sobejamente durante a campanha eleitoral, Ângelo da Veiga Tavares lembrou que está em curso um grande programa de colocação de câmaras de filmar por todas as artérias da cidade de Luanda.

Sobre este assunto, admitiu mesmo que vai permanecer indiferente às esperadas acusações de excesso de securização do Estado, considerando que este é um passo que pode ser fundamental para a garantia da segurança dos cidadãos e do combate à criminalidade.