A contestação, que ganhou visibilidade a partir das redes sociais, levou mesmo os promotores da conferência a divulgar um comunicado, em que explicam os critérios por detrás da escolha de Isabel dos Santos.
Segundo a nota de esclarecimento da Yale Undergraduate Association for African Peace and Development (YAAPD) - em português, associação dos estudantes de Yale para a Paz e o Desenvolvimento Africano -, o convite à empresária angolana, efectuado no ano passado, inclui um processo de validação de referências.
"Contactámos outras instituições que também a receberam recentemente para reunir mais informações e obtivemos dados adicionais de outras fontes", adianta a YAAPD, que admite porém que a pesquisa pode não ter sido abrangente.
Face à contestação gerada, que incluiu a partilha de links para notícias sobre as suspeitas de enriquecimento ilícito da gestora, a associação de alunos de Yale reconhece que possa ter sido infeliz na descrição que divulgou da empresária, "apresentada de uma forma que talvez não tenha sido a mais equilibrada".
Em causa está o facto de a gestora surgir como uma mulher de negócios empreendedora, currículo que muitos vêem como uma fraude, por supostamente assentar no facto de ter beneficiado de milhões de dólares do erário angolano durante a presidência do seu pai, José Eduardo dos Santos.
Apesar de a gestora ter desmentido, em várias entrevistas e conferências, qualquer favorecimento decorrente do facto de ser filha do homem que comandou Angola por 38 anos, as suspeitas acompanham todos os seus negócios.
Para além das desconfianças sobre a proveniência dos fundos que permitiram à empresária aventurar-se no mundo dos negócios, durante a liderança de José Eduardo dos Santos sucederam-se as críticas sobre a forma como Isabel dos Santos multiplicou investimentos em sectores estratégicos "blindados" de concorrência.
Organização garante que o convite à empresária não tem contrapartidas financeiras
As interrogações sobre os méritos da mulher mais rica de África, com uma fortuna avaliada em mais de 2 mil milhões de dólares, prometem aquecer a discussão na Conferência de Yale para a Paz e o Desenvolvimento Africano.
Embora a organização esteja a ser acusada de compactuar com a empresária, juntando-se à lista de instituições que, a troco de dinheiro, aceita branquear a sua imagem, a YAAPD garante que o convite à gestora não tem qualquer contrapartida financeira.
"Isabel dos Santos não é patrocinadora da conferência, nem da YAAPD ou qualquer outra actividade da Universidade de Yale", lê-se no comunicado da associação, que desafia os detractores da empresária a confrontá-la com as acusações durante o evento, que se inicia na próxima sexta-feira, 13.
A YAAPD esclarece ainda que a gestora não receberá qualquer pagamento pela sua intervenção, e sublinha que a sua presença em Yale não significa que a associação ou a Universidade apoiem a empresária.
O esforço de distanciamento não convence, contudo, os contestatários, para quem o evento "é um processo de lavagem de imagem" de Isabel dos Santos.