De acordo com uma nota enviada às redacções, a recuperação deste valor ocorreu na sequência da fiscalização das obras do novo aeroporto de Luanda feita pelo Ministério dos Transportes e devidamente publicitada, depois de instaurado um processo de inquérito na Direcção Nacional de Prevenção e Combate à Corrupção.

O valor recuperado já se encontra depositado numa conta do Estado, refere a mesma nota da PGR, que informa que o processo de inquérito prossegue a sua tramitação legal com vista ao apuramento de responsabilidades".

As obras de construção do novo aeroporto internacional de Luanda, entregues a uma empresa chinesa, tiveram início em 2005, com financiamento da China, mas a sua conclusão tem vindo a ser adiada. A última data avançada pelo Governo projecta a inauguração para 2022.

Em Março, o ministro dos Transportes anunciou que o curso das obras do novo Aeroporto Internacional de Luanda ia ser alterado com a introdução de correcções de engenharia e na sua funcionalidade de forma a adequar a infra-estrutura às exigências de um aeroporto moderno e confortável, estipulando como meta para a conclusão destes trabalho 2022.

Com um investimento inicialmente, mas oficiosamente, previsto em cerca de 5 mil milhões USD, já largamente ultrapassado, este projecto, localizado no Bom Jesus, município de Icolo e Bengo, a cerca de 40 quilómetros de Luanda, financiado pela China, foi analisado pelo Tribunal de Contas que detectou graves falhas na construção, desde a qualidade dos materiais aos acabamentos defeituosos bem como problemas estruturais de engenharia.

Recorde-se que nos últimos meses foram publicadas notícias sobre alegados problemas estruturais graves na infra-estrutura, tanto em questões de segurança como de qualidade da obra, tendo mesmo esta sido retirada à companhia que a iniciou, sendo a CIF substituída pela também chinesa AVIC, um conglomerado ligado à indústria aeronáutica militar.

Em Outubro de 2017, o Presidente da República, João Lourenço, visitou as obras e ordenou uma reunião com os ministros cuja tutela estava ligada a este projecto, exigido progressos claros na construção sem novas falhas orçamentais e de calendário, ficando, como o então ministro dos Transportes, Augusto Tomás, informou, prevista a sua conclusão para 2019 e a entrada em funcionamento do aeroporto em 2020. Na altura, em finais de 2017, estimava-se que 60 por cento da obra estivesse concluída.

Depois de concluído, este será um dos maiores aeroportos de África, com capacidade para cerca de 15 milhões de passageiros por ano - a maior parte tráfego internacional - e um volume anual de mercadorias de 50 mil toneladas, erguido em 1.324 hectares, onde estão previstas duas pistas duplas e capaz para receber os maiores aviões comerciais do mundo.

Os últimos dados apontam para a execução da pista norte em quase dois terços e a sul pouco mais de 50 por cento, enquanto a placa central para acesso das aeronaves ao terminal está executada em 58%.