Antes mesmo do raiar do sol, Fernanda Renée já despertou. O dia reserva mais uma longa jornada em prol do meio ambiente, com o foco na biodiversidade e no ecossistema. É assim todos os sábados.

Tem sido assim nas suas férias e feriados.

Água e farnel são acessórios que dificilmente falham na bagagem. A ansiedade aumenta. Há voluntários que lhe prometeram presença na jornada que se avizinha.

Nada mais gratificante para quem está habituada a realizar a jornada sozinha.

A distância para o destino do dia é considerável, e o custo em táxis ronda os 1000 Kz.

São mais de 50 quilómetros de percurso entre o centro de Luanda e os confins do bairro Ramiros. Está a equipa de reportagem do Novo Jornal feita à estrada também.

No percurso, que se faz pelo corredor litoral, chama a atenção a venda de utensílios de cozinha feitos à base artesanal, com recurso sobretudo à flora marítima, esta que constitui a principal causa da luta de Fernanda Renée.

Já passam quase uma hora de estrada. São 8H50. Avista-se a placa «TaPo», no «Km42», que assinala o desvio para o acesso ao bairro marcado para a concentração. É hora de deixar o tapete asfáltico que vai dar à Barra do Kwanza.

Três minutos depois de caminhada numa picada, a viatura pisa o solo arenoso do bairro Tapo, este vizinho da Ilha do Mussulo. Já lá estava Fernanda à espera de mais convidados.

Saúda, com bastante simpatia, o grupo de convidados que acabara de chegar e retoma logo a conversa que vinha mantendo com o regedor do bairro, dando-o a conhecer a razão da presença do grupo no local.

De pele escura, corpulento, altura média, o ancião Joaquim Figueira, 69 anos, não se intimida com a plateia dominada por ambientalistas. Expõe a sua cultura geral em matéria de biodiversidade marítima:

"Uma floresta de mangais [lago em que crescem mangues] serve de respirador do mar. É muito importante para nos proteger das calemas", ouve-se da voz rouca deste malanjino, pai de 17 filhos, morador da zona há 41 anos.

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