"Neste momento não é necessário o levantamento de estado de emergência. O que é fundamental é o reforço dos recursos humanos e dos medicamentos no hospital provincial, que diariamente recebe dezenas de pacientes. ", disse ao Novo Jornal Online Félix Lucas".

O secretário da UNITA avançou que o hospital provincial do Uíge carece de medicamentos e que mais de três a quatro doentes dividem a mesma cama.

O responsável do Galo Negro no Uige elegeu o deficiente saneamento básico nos bairros dos arredores da cidade como principal causa da propagação da doença.

"A cólera deu sinais nos primeiros dias de Dezembro. As autoridades só despertaram nos últimos dias com o aumento dos casos", esclareceu, reconhecendo a intervenção do governo na mobilização da população para que cumpram as normas de higiene.

Na zona urbana da cidade, "a situação não inspira cuidados, visto que todas as residências têm agua canalizada", disse ainda ao NJ Online Félix Lucas.

O primeiro-secretário da UNITA afirmou que no centro de tratamento da água da cidade há excesso de administração de cloro e teme as futuras consequências dessa decisão.

"A população que recebe água canalizada está a reclamar por causa do excesso de cloro e de lixívia na água. Nós já alertámos as autoridades competentes a respeito dessa situação", acrescentou, salientando que as estatísticas de mortes e aumento de casos que as autoridades competentes apresentam estão aquém da real situação.

"Diariamente os hospitais locais recebem mais de vinte novos casos", revelou, destacando o papel das igrejas, sociedade civil e partidos políticos que diariamente estão envolvidos nas campanhas de sensibilização contra a cólera e a malária.

Para fazer face à situação, ontem, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), entregou ao governo local 22 toneladas de material diverso para o combate à cólera.

A doação surge no quadro do programa de luta contra esta doença que afecta à população local desde o mês de Dezembro de 2017.

Constam do lote de doação dois mil baldes para água, dez reservatórios com a capacidade de cinco mil litros de água, soros, anti palúdicos, baldes plásticos com torneira, comprimidos para tratamento da água, tendas rectangulares e kits de teste de malária.

Os meios foram entregues pelo chefe da equipa do UNICEF, Teófilo Kaingona, ao governador local, Pinda Simão, que considerou o acto como sendo um gesto que visa juntar-se aos esforços do governo no combate da doença.

Segundo dados estatísticos, desde o passado dia 21 de Dezembro, data do início da epidemia, nove pessoas morreram da doença, dos 290 casos de cólera registados.