De acordo com o superintendente Carlos Alberto, porta-voz do Comando Provincial da Polícia Nacional (PN) na Huíla, os crimes começaram no ano passado, quando o suspeito decidiu aderir a uma seita denominada "Satã", para ter dinheiro e mudar de vida.

"Segundo contou o jovem durante os interrogatórios, para que todas as suas necessidades fossem satisfeitas, teria que honrar o seu pacto com o "demónio", que consistia em assassinar pessoas", relatou o responsável.

A confissão de Júlio Pereira Ndumbo desencadeou uma investigação para localizar os responsáveis do culto, bem como os familiares das vítimas de pelo menos três homicídios.

O porta-voz da PN relata que o primeiro assassinato ocorreu no bairro Branco, e vitimou o próprio primo do agressor, de apenas sete anos.

"Ele (o acusado) disse que teve uma briga forte com o seu tio, pai da criança. Com a raiva que tinha, quando viu a criança a dormir ao seu lado, decidiu que tinha chegado a hora de entrar no mundo do satanismo, e asfixiou o menor até à morte", reconstitui Carlos Alberto.

Confiante de que contaria com a protecção de "Satã", visto que escapou do primeiro crime livre de qualquer suspeita, o homicida confesso avançou para um novo alvo.

"A segunda vítima surgiu ainda no ano passado", conta o porta-voz da PN, explicando que o ataque tirou a vida a um amigo do irmão de Júlio Pereira Ndumbo, mortalmente esfaqueado no bairro Tchioco.

Seguiu-se um terceiro homicídio reivindicado por Júlio Ndumbo, desta vez no bairro A Luta Continua e com recurso a um martelo. No entanto, ao contrário dos dois crimes anteriores, este - em que a vítima foi um peixeiro de 29 anos - não terá sido ordenado pelo demónio, de acordo com o testemunho do alegado assassino.

"O homicida confesso, ainda durante as inquirições, revelou que a terceira e última vítima não surgiu por ordem do Satã, mas sim por vanglória", explicando que matou o peixeiro na sequência de uma luta na via pública, ocorrida um dia antes.

Em causa está uma discussão da vítima com um primo de Júlio Ndumbo, na qual este se intrometeu, tendo sigo agredido com chapadas e socos na zona do olho esquerdo, de acordo com o seu testemunho.

À procura de vingança, o homicida confesso montou uma perseguição ao peixeiro.

"Júlio esperou chegar a um lugar isolado e escuro, pegou um martelo que estava na sua mochila e bateu por várias vezes na cabeça do jovem, até este perder a vida. Ninguém se apercebeu que ele foi o assassino", aponta o oficial da PN.

Carlos Alberto adianta que, depois do terceiro crime, o declarado "discípulo do demónio" decidiu pôr fim à alegada missão satânica, entregando-se às autoridades de livre e espontânea vontade, e revelando que chegou o momento de ficar de braços dados com Deus.