Face à situação de delinquência no Malueca, e devido à falta de efectivos da Polícia Nacional (PN) para repôr a ordem e a tranquilidade nas ruas daquele bairro, "os moradores contrataram um grupo composto por cidadãos estrangeiros residente no mesmo bairro, de nacionalidade congolesa, costa-marfinense e nigeriana para fazerem vigilância no período nocturno com arma de fogo do tipo AKM, com o propósito de reduzirem o índice de criminalidade na zona", segundo fonte do Serviço de Investigação Criminal do Cazenga (SIC).

A mesma fonte conta que "esta acção culminou com o assassinato de Luís Evaristo, de 18 anos, e de Isaquiel Lupassa, de 28, dois jovens estudantes que foram interpelados por esses elementos que faziam a vigilância na zona, na madrugada de Domingo, 13, quando saiam de uma festa no bairro Mulenvos de Cima, cerca das 04:00 da manhã".

"As vítimas foram amaradas e colocadas separadamente em pneus, tendo os suspeitos despejado em seguida a gasolina e posteriormente ateado fogo sobre os jovens", acrescenta

"Eles (os suspeitos) cometeram este crime pensando que as vítimas eram delinquentes, mas, mesmo que fossem ladrões, ninguém tem o direito de fazer justiça com as próprias mãos", afirmou, sublinhado que os corpos dos jovens ficaram completamente carbonizados e para as famílias reconhecerem os cadáveres foi necessário fazer exames de DNA.

Já o presidente da comissão de moradores do bairro Malueca, Francisco Panzo, em declarações ao Novo Jornal Online, garantiu que contrataram este grupo de estrangeiros com o conhecimento da Polícia Nacional, por causa da insegurança que existe no bairro.

"A polícia teve conhecimento de que íamos pôr um grupo de elementos para assegurar a nossa zona, a falta de patrulhamento por parte dos efectivos da PN no bairro obrigou-nos a contratar estes jovens para garantir a nossa segurança", afirmou, salientando que os moradores foram notificados a contribuir com a quantia de cem Kwanzas para o pagamento dos jovens que deviam garantir a segurança na zona.

"A situação que vivemos aqui é bastante delicada, as cantinas e as residências são o prato do dia dos marginais, na maioria das vezes os roubos são mesmo à luz do dia. Já lançámos várias vezes o apelo à polícia, ams infelizmente nunca surtiu efeito", disse.

Perante este cenário, o Novo Jornal Online contactou o Director de Comunicação do Ministério do Interior, intendente Mateus Rodrigues, que garantiu que a Polícia Nacional recebeu as denúncias destes crimes que foram imputados a este grupo de jovens estrangeiros que estão a fazer a vigilância nocturna no bairro Malueca.

"Tivemos contacto com esta ocorrência, é verdade que os moradores encontraram dois corpos carbonizados na rua", esclareceu, acrescentando que a polícia recebeu a denúncia destes dois casos e que a PN tem o registo destes assassinatos.

"Os homicídios estão ser investigados, mas ainda não há indícios que foram eles que cometeram este crime, até porque a investigação ainda não terminou, tão logo tivermos as investigações concluídas, vamos divulgar", garantiu.