"A esperança está toda em João Lourenço", diz Elias Pinto, secretário Sindicato Nacional dos Técnicos de Justiça e Administrativos da Procuradoria Geral da República (PGR), lembrando as promessas feitas no dia 26 de Setembro pelo actual Presidente da República (PR), no discurso da sua tomada de posse.

"Nós temos de facto esperança no novo Executivo porque, na tomada de posse, O PR prometeu trabalhar com as organizações sindicais e prestar maior atenção aos sectores da Investigação Criminal e da justiça. Vamos esperar que tal aconteça".

De acordo com Elias Pinto, no Governo anterior "os funcionários da PGR não foram tidos nem achados pela Administração de José Eduardo dos Santos", pelo que esperam respostas do novo Governo.

Se isso não acontecer, segundo o responsável, o sindicato não vai cruzar os braços: "Vamos reagir até conseguimos conquistar os nossos direitos. O novo Presidente da República tem uma batata quente na mão para resolver".

"A carta com pedido de audiência a João Lourenço já foi entregue", garante o sindicalista.

"Desde a greve (a 15 de Julho), temos tido reuniões extraordinárias, e, no próximo dia 4 de Novembro, teremos a nossa Assembleia de funcionários. De lá sairão decisões que certamente não vão fugir da greve, e não será uma greve de brincadeira. Nem de 15 dias. Será por tempo indeterminado. Porque a que estava prevista para o mês de Setembro foi desmarcada, por causa da mudança de Governo."

Em cima da mesa estão a exigência de melhores condições de trabalho, aumentos salariais, promoções e reconversão de categorias.

"O Ministério das Finanças disponibilizou apenas 25 vagas para a actualização das categorias. Isso é uma brincadeira. Há pessoas à espera há 10, 15 anos, sem conversão de carreira. Isso é muito tempo na vida de um individuo", diz o sindicalista, acrescentando: "Temos um longa fila de bacharéis e licenciados que continuam a trabalhar no sector da limpeza".

"Se nas Forças Armadas e na Polícia Nacional existe actualização de categorias, porque que é que nós, que fazemos a justiça acontecer no país, não temos progressão? Todos os anos somos avaliados e nunca somos promovidos porquê?", pergunta.

Mas do caderno de exigências consta também a melhoria das condições de trabalho: "Temos colegas que andam com os processos de matérias criminais nas pastas e de táxi ou nos seus carros particulares porque não há carros de serviço. Não há saldo para fazer telefonemas temos de comprar os saldos com o nosso dinheiro", conta Elias Pinto.

"Às vezes, nem cadeiras para nos sentarmos há. Há casos em que enquanto um colega está a escrever, o outro tem de ficar de pé, à espera que ele acabe e se levante para poder sentar-se (...), não há mesas nem cadeiras, há colegas que vão aos tribunais de táxi e levam a matéria do crime sem protecção nenhuma".