A informação foi avançada esta terça-feira ao NJOnline pelo coordenador do Bureau Sindical dos trabalhadores da Tura, João Queta Tomás Caetano, que garantiu que para além dos atrasos salariais, os funcionários encontram-se em situação de vulnerabilidade.

"A empresa deixou de pagar os salários no ano passado e também deixou de pagar os subsídios de férias referentes ao ano em curso, bem como o décimo terceiro mês", disse o líder sindical.

João Queta Tomás Caetano salientou que já escreveram várias vezes a entidades como os ministérios dos Transportes, Justiça, Finanças e da Administração Pública, Emprego e Segurança Social (MAPESS), bem como à Inspecção-geral do Trabalho mas nunca tiveram resultados.

De acordo com o coordenador do Bureau Sindical da TURA, os serviços mínimos foram retomados esta terça-feira, mas a greva vai continuar até a entidade patronal resolver os problemas que afectam os trabalhadores, ou seja, os 11 meses de sem salários.

Elizabeth Pascoal Eugénio, funcionária há sete anos, contou que foi expulsa de casa por não pagar a renda da residência e que os seus filhos não estão a estudar.

Em lágrimas, a mulher de 38 anos contou que recentemente perdeu um filho e que não teve dinheiro para custear as despesas do óbito, quando recorreu à empresa, a resposta foi que não havia dinheiro.

Em reacção e em gesto de solidariedade, João Queta Tomás Caetano, que se juntou à conversa, disse que essa atitude da Tura é inadmissível porque a empresa ainda produz e que que os empréstimos que a direcção fazia aos funcionários foram retirados.

João Queta Tomás Caetano informou ainda ao NJOnline que os trabalhadores têm a pretensão de realizar uma manifestação que sairá das instalações da Tura, na zona do Mercado dos Congolenses, até ao edifício sede da Tura, na Ingombota.

Em reacção, o director financeiro da TURA, Severino Xingala, disse ao NjOnline que a situação dos funcionários será resolvida em breve caso o Estado pague as dívidas que tem para com a empresa.

"O Estado é que tem dado o subsídio ao transporte, e há atraso nestes pagamentos, mas esse problema já está em via de ser solucionado", disse o responsável que não avançou uma data, mas garantiu que será para breve.

Severino Xingala reconheceu que a instituição tem nos últimos anos atravessado momentos críticos, lamentando o está a acontecer com muitos funcionários que têm famílias a passar fome, filhos a serem expulsos das escolas, e trabalhadores a serem retirados de casas por falta de pagamento das rendas.

Questionado se a empresa de Transportes Urbanos Rodoviários de Angola (TURA) está em via de falência, o director financeiro respondeu que não, e que há apenas falta de pagamentos das subvenções.

"À medida que o Estado for regularizando também vamos pagar os atrasados com os funcionários, é difícil mas vai passar e as coisas vão voltar ao normal", conclui.