Se no domínio da mortalidade infantil - indicador que analisa óbitos até aos cinco anos de vida, para além de outras variáveis, como o acesso a saneamento básico e água potável - Angola tem sido apontada como a pior nação do mundo, em matéria de mortalidade neonatal o país descola da última posição da tabela, embora permaneça entre os 20 piores do globo.

A conclusão é do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que analisou os dados de 186 países referentes a 2016, o mesmo ano em que Angola surge como o "campeão mundial" da mortalidade infantil.

Os resultados, reunidos no relatório "Para Cada Criança, Vida", revelam que todos os anos 2,6 milhões de crianças morrem antes de completar um mês, sobretudo nos países mais pobres do mundo, números considerados pela UNICEF "assustadoramente elevados".

Em Angola, o 19.º pior país do mundo nesta análise, uma em cada 34 crianças morre sem chegar ao primeiro mês de vida.

Os dados apontam também que, entre os 25 países que registam a pior média, 21 são africanos e, entre estes, quatro são lusófonos. Nomeadamente: Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Angola e Moçambique.

O relatório indica igualmente que oito dos dez lugares mais perigosos para se nascer estão situados na África subsaariana, onde a probabilidade de assistência a mulheres durante o parto é menos provável devido à pobreza, conflitos e fragilidade das instituições.

No extremo oposto surgem o Japão, Islândia, Singapura, Finlândia, Eslovénia, Estónia, Chipre, Coreia do Sul, Noruega, Luxemburgo, Bielorrússia, Suécia, República Checa, Espanha e Itália, os 15 países com melhores dados.

"Embora tenhamos reduzido para mais da metade o número de mortes entre crianças abaixo dos cinco anos de idade nos últimos 25 anos, não fizemos progressos semelhantes relativamente à redução da mortalidade de crianças com menos de um mês", lamenta a directora executiva do UNICEF, Henrietta H. Fore, defendendo que a maioria das mortes poderia ser evitada.