O momento dos disparos do agente do SIC foi filmado por uma cidadã e divulgado nas redes sociais tendo motivado uma vaga de críticas e de apoio no seio da população angolana.

Andrade Maurício, proprietário da viatura roubada na noite de quinta-feira, 31 de Maio, no bairro do Prenda, distrito urbano da Maianga, disse à imprensa que a acção do agente do SIC foi "a mais conveniente".

"Devo parabenizar a acção do agente do SIC porque isso que aconteceu comigo ia acontecer com mais pessoas se não fosse tomada essa medida", afirmou.

O roubo da viatura aconteceu na quinta-feira, no dia anterior ao momento filmado pela cidadã onde um dos indivíduos que roubaram a viatura de Maurício é abatido pelo agente do SIC quando já estava imobilizado no chão.

Como o próprio conta, na quinta-feira, quando saía da casa de um conhecido, no bairro do Prenda, em Luanda, foi envolto num esquema preparado para a prática do roubo, que começou ao dar prioridade aos peões numa passadeira, tendo surgido uma motorizada com dois indivíduos que simularam uma aparente queda à sua frente.

Ao afrouxar a marcha da sua viatura, surgiu uma segunda motorizada com mais três indivíduos que lhe apontaram uma arma e o "colocaram" e neutralizaram atando-lhe as mãos e as pernas com fita-cola grossa, tomando um dos meliantes conta do carro, conduzindo-o.

"Depois de me amarrarem, colocaram-me no banco e disseram para baixar a cabeça senão matavam-me", descreveu, só dando conta que já estava em Viana quando ouviu um dos marginais a dizê-lo em conversa com outro.

"Fomos para um bairro que não sei onde é, um deles saiu da viatura e foi comprar liamba, pão e bebidas alcoólicas", conta Andrade Maurício, acrescentando que a viatura estava com pouco combustível.

Para contactarem o cliente com quem tinham combinado a venda de um veículo roubado, usaram o seu telemóvel e informaram que não tinham conseguido a encomenda mas que tinham uma alternativa: a carrinha Toyota Hilux de Maurício Andrade, que se predispuseram a vender por um milhão de kwanzas.

Depois de feito o negócio, os indivíduos levaram-no para a zona do Km 30, em Viana, onde o abandonaram amarrado.

"O que me valeu foi que apareceu uma viatura de uma empresa de segurança privada e me socorreu por volta das 03:00 da manhã e me levou até à vila de Viana, onde fiz a primeira participação policial", concluiu.

A partir daqui, o SIC iniciou a investigação que culminou com a perseguição ao grupo que roubou a viatura e, após uma troca de tiros, segundo informações da polícia, um dos elementos do grupo foi atingido por uma bala que o neutralizou, deixando-o no chão.

Neste intervalo de tempo, o grupo ainda efectuou outros roubos utilizando a carrinha de Maurício para se deslocar.

Como o vídeo que circulou nas redes sociais mostra, quando o indivíduo estava no chão, ferido de bala, um dos agentes do SIC aproximou-se dele e disparou à queima-roupa vários tiros, matando-o de forma imediata.

A acção estava a ser filmada e pouco depois o vídeo já circulava na internet.

Seguiu-se uma das mais intensas polémicas despoletadas na sociedade angolana relativas ao crime na capital, com posições extremadas em defesa do agente do SIC, elogiando e apelando ao abate de criminosos e, do outro lado, sublinhando a selvajaria e o erro que este método encerra para resolver um problema grave que é o crescente crime violento em Luanda.