Segundo os relatos dos vizinhos, há mais de dois meses que os menores, o mais novo, uma menina de três anos, e o mais velho, um rapaz de 16 anos, ficaram sozinhos em casa, aparentemente porque o pai terá partido para a Namibe em busca de trabalho e a mãe tê-lo-á seguido, deixando os filhos para trás, no bairro da Mitcha.

Actualmente nenhuma das crianças frequenta a escola.

De acordo com as explicações dos vizinhos, citados pela Angop, à medida que foram percebendo a situação das crianças, sem nada para comer nem o mínimo de condições para viverem, começaram a ajudar, primeiro com comida e depois, uma das vizinhas, recebendo as duas meninas, com três e seis anos, em casa.

Foi Maria Helena Capelimo a vizinha que, sensibilizada com a situação em que as crianças se encontravam, assumiu a responsabilidade de acolher as duas meninas em sua casa, tendo assim sido depois de uma das suas filhas ter conhecido uma das meninas abandonadas.

E foi, no encontro das duas meninas que percebeu a situação degradante em que a amiga da sua filha se encontrava, bem como os seus seis irmãos, incluindo uma criança, oura menna, de três anos.

Não foi preciso muito para decidir rapidamente que não podia deixar aquelas duas meninas naquelas condições, até porque um dia se confrontou com uma situação em que a mais velha lhe pediu a chorar para poder ficar com ela.

Alguns dados menos incertos conhecidos foram fornecidos pelo jovem de 16 anos que, segundo relatou, o pai é mecânico e foi à procura de emprego, presumivelmente para o Namibe, enquanto a mãe foi visitá-lo e nunca mais voltou.

Com falta de informação, ninguém sabe se se tratou de abandono do lar ou se existe uma razão que justifique a ausência prolongada.

Ainda de acordo com a Angop, a porta-voz da direcção provincial do Ministério da Assistência e Reinserção Social (MINARS) na Huíla, Francelina Tomás, diz que o caso está a ser acompanhado e que as crianças vão para o centro de acolhimento do lar Otchio.

"Enquanto as crianças permanecerem no lar, vamos fazer o trabalho de localização da família, manter os contactos com os colegas do MINARS no Namibe para ver se conseguimos localizar os pais", adiantou.

Neste momento, o processo está a avançar com a atribuição de documentos às crianças por forma a poderem integrar o sistema de ensino.